A partir da próxima segunda-feira (5), o Consórcio Planície começará a atuar nas linhas inoperantes do Consórcio União. A notificação quanto às ofertas aconteceu na última segunda-feira (26). Depois da resposta, estiveram reunidos, no gabinete no prefeito Rafael Diniz, o representante do consórcio que assumirá os itinerários, José Maria Matias; o presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), Renato Siqueira; o procurador geral do Município, José Paes Neto e o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Felipe Quintanilha. A tramitação que envolve 21 linhas é parte de um problema antigo de Campos, a deficiência no transporte público. De acordo com a prefeitura, a retomada do serviço será feita gradativamente ao longo da próxima semana. Enquanto a mudança segue sob procedimentos burocráticos, a população da Baixada Campista pede socorro de forma urgente.

Para o campista Luiz Claudio dos Santos, 57 anos, pintor, residente em Gaivota, localidade de Farol de São Thomé, o problema do transporte não é recente e a mudança não está na troca de uma empresa por outra, mas sim, no atendimento eficaz.

— Não adianta mudar e não continuar tendo horário certo pra passar. Não adianta mudar e não continuar respeitando os idosos. Não adianta mudar e continuar não tendo linhas em alguns lugares — diz Luiz, que conta, ainda, que no exercício da profissão há quase dezoito anos, é no centro de Campos que o trabalho aparece. Atualmente ele presta serviço para uma empreiteira em uma obra na Codin. Saindo de casa por volta das 5h30, o pintor só retorna às 20h.

Luiz sabe que sua rotina não é exceção. Ele reconhece que faz parte de um grande grupo de trabalhadores que há algum tempo tem se sentido abandonado pelo poder público. “Eu não tenho problema em falar, acho que só assim as coisas podem mudar um pouco. Aqui, a gente passa por muitos problemas. O lugar no verão tem tudo, no inverno não tem nada”. A empresa que atende a localidade do pintor é a São Salvador, pertencente ao Consórcio União, fora de circulação desde a sexta-feira (26).

Segundo o entrevistado, mesmo em funcionamento, a viação não possuía regularidade nos horários de circulação. Dessa forma, mesmo com o serviço, o trabalhador sempre precisou recorrer ao transporte alternativo. “A maioria dos ônibus para o Farol param no centro (terminal rodoviário). Eu tenho bicicleta e pedalo todo dia quase uma hora para chegar ao ponto, tanto para van quanto para ônibus. Mas pego mais a van, porque quando tem ônibus que passa lá onde moro, eles não tem horário certo”.

Para Márcio Fernandes, presidente da Coopergoyta, há uma forma para encaminhar e resolver as questões do transporte, que não está funcionando, o Conselho Municipal de Transporte. “Desde outubro não estamos tendo reunião. Foi montado um conselho e não foi tocado para frente. Porque que parou? Foi prometido pelo governo fazer reuniões semanais. Através desse conselho, seria discutido o Transporte Público de Campos. Não tivemos mais resposta. Encaminhamos um ofício em fevereiro solicitando resposta, entre outras pautas. Esse é o caminho público, democrático e aberto para resolver isso tudo”.