Paulo Renato Porto
03/03/2018 19:33 - Atualizado em 13/03/2018 18:56
A diversificação da produção local através de uma política de estimulo às vocações regionais tem na carcinicultura, ramo da aquicultura voltada para a criação de tilápia e camarão, uma das alternativas que se desenvolvem em Campos, onde produtores apostam na criação em tanques instalados em três empreendimentos, dois em Barra do Furado, um em Travessão, de olho nas perspectivas de um imenso mercado consumidor e na expectativa de geração de trabalho e renda. As unidades de produção aguardam apenas a liberação de licença ambiental para uso da água nos próximos dias para começar a comercialização do produto.
— A criação do camarão em cativeiro tem sido uma das nossas apostas no sentido de avançar a diversificação da produção, gerar renda e emprego. Não exige maiores investimentos, com apenas R$ 80 mil na mão você já dá inicio a uma criação — explica o superintendente adjunto da Pesca, José Armando Barreto.
A produção é desenvolvida em tanques escavados ou de superfície várias etapas, desde a fase de alevinagem, a de recria e engorda até o peso final já em condições de abate. Em Travessão, a engorda é feita em tanques de 500 mil litros, que abrigam 800 espécies por metro cúbico.
A produção nos tanques de superfície é o mais adequado por tornar possível um melhor controle do nível de temperatura, essencial para a proliferação de algas, essencial para a alimentação das espécies durante a segunda fase de criação.
O apoio da Superintendência Municipal de Pesca conta com técnicos do IFF (Instituto Federal Fluminense).
— A prefeitura não entra com aporte de recursos, mas faz a interface com outras esferas de governo na assistência técnica, aplicação de tecnologias e manejo - frisou Armando.
Imensa demanda por ser explorada
Armando falou sobre os cuidados para evitar a “mancha branca”, em que a temperatura deve ficar entre 28 e 36 graus, fundamental para produzir as algas, principal nutriente do crustáceo. Em 2016, o preço do camarão chegou a disparar no mercado devido à “mancha”, doença, letal para o crustáceo, que chegou ao Ceará, responsável pela maior parte da produção brasileira. Assim, o produto sumiu das prateleiras e chegou a ser vendido ao preço de R$ 300,00 o no Rio.
Passado o período de escassez, o valor passou a se estabilizar. “Há um mercado imenso a ser explorado, inclusive com planos para a exportação dos produtos. Quem sabe pelo Açu ou no futuro porto de Barra do Furado?”, sonha Armando.
A tilápia é o peixe mais produzido no Brasil, tem carne de alta qualidade e mercado consumidor em expansão. Representa 40% da produção nacional de pescado.
A terceira unidade em Barra do Furado
Em Barra do Furado, o produtor Carlos Magno Manhães aproveitou um dos 25 hectares de sua propriedade para a instalação do seu empreendimento, com estimativa de produção de 20 toneladas mensais do camarão “vannamei”. Há alguns anos, ele viajou para os Estados Unidos para uma competição de tiro e aproveitou para fazer um curso em Illinois na mesma área do negócio que começou a montar. Depois, fez outro curso no Nordeste e acompanhou uma produção também de cativeiro no Sul. “Da produção nacional, 99% vem de cativeiro. E aqui tenho a vantagem de possuir água saldada por perto”, lembra Carlos, que está pronto para montar sua segunda unidade de produção na mesma propriedade. “Estou perto de dois grandes centros consumidores, Rio e Vitória, além de Campos”, frisou. Em Campos, a maior parte do camarão consumido vem do Farol de São Thomé.