Crítica de cinema - Wakanda para sempre
Felipe Fernandes - Atualizado em 09/03/2018 19:17
Pantera Negra
Pantera Negra / Divulgação
(Pantera Negra) –
Wakanda é uma ancestral nação africana que devido a existência de Vibranium (um metal raro e poderoso) em suas terras, modernizou-se e escondeu-se do mundo com o objetivo de se manter intacta a exploradores. Essa nação tem um rei, T’Challa (Chadwick Boseman) é descendente da linhagem real e seguindo as tradições se torna o novo Pantera Negra, função que assim como a coroa é passada de geração em geração com a função de proteger e manter unida as diversas tribos que formam o reino de Wakanda.
Mais que um filme de origem, “Pantera Negra” tem como função apresentar toda uma nação com seus costumes e tradições. É um filme que vai além do super herói comum. T’Challa não é só um bilionário em uma roupa ultra moderna. Ele lida com questões que influenciam a vida de todo um povo e não escolheu estar naquela posição que ele a carrega desde o berço.
O primeiro ato do filme cumpre muito bem a função em apresentar Wakanda. A criação do país impressiona desde sua arquitetura mesclando aspectos futuristas as cores vibrantes da cultura africana, figurinos lindíssimos, rico em detalhes, passando pelas danças. Toda uma cultura pulsante é criada em uma mistura de características de diversos países da África.
Cinema
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Em meio a apresentação o roteiro de maneira dinâmica ainda estabelece a força de T’Challa como rei, através de rituais antigos o qual o protagonista precisa passar para se mostrar digno não só a seu povo, mas também ao espectador do manto do pantera.
Estabelecida Wakanda, o filme segue um caminho que aparenta levar o promissor início para um filme genérico, mas a entrada definitiva do vilão Killmonger (Michael B Jordan) mostra que o diretor e roterista Ryan Coogler não está seguindo cartilha. O embate entre o protagonista e o vilão traz uma discussão crível e atual. Esqueça o vilão megalomaníaco com um plano sem sentido. As motivações e objetivos de Killmonger são reais, plausíveis, e os divergentes modos de ver a função de Wakanda no cenário mundial remetem (mesmo que superficialmente) até mesmo aos debates ideológicos de Martin Luther King Jr. e Malcolm X.
Passando por mudanças muito interessantes, o longa abraça seu gênero no terceiro ato, tornando-se um filme de ação que peca pelas cenas de ação pouco inspiradas — o que é uma pena, visto que Coogler mostrou em seu longa anterior “Creed” ser um diretor de mão cheia para cenas de luta e efeitos digitais terríveis que não condizem com filmes com este tipo de orçamento.
“Pantera Negra” é um filme que tem seus maiores problemas por ser um filme de super herói, mas que funciona perfeitamente em aspectos que nenhum filme do gênero conseguiu alcançar. Ao mesclar cultura pop, entretenimento com questões realmente atuais, possibilitando diversas e necessárias discussões, o longa assume questões que o cinema mainstream americano sempre teve medo de abraçar e o sucesso estrondoso de bilheteria mostra que o público também quer atores negros como protagonistas, bem como elencos negros, asiáticos, latinos, mulheres fortes (interessante notar que esse longa faz muito mais pela causa das mulheres do que o alardeado filme da Mulher Maravilha). O público gosta de se identificar na tela grande e isso é natural.
Cinema de entretenimento com mensagens importantes, mas sem ser panfletário. Não é o melhor filme da Marvel Studios, mas talvez seja o mais importante e certamente vai servir de parâmetro para as próximas produções da “casa das ideias.” “Pantera Negra” mudou o jogo e para melhor.

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