Nízia, a artista da caligrafia
Jhonattan Reis 02/03/2018 17:50 - Atualizado em 05/03/2018 15:10
Nízia Bravo
Nízia Bravo / Divulgação
“Trabalhar com isso é uma terapia mesmo. Muito bom. Devido à minha facilidade, me realizo”. As palavras são da calígrafa Nízia Bravo, que contou perder até as contas para calcular há quantos anos trabalha na área. Hoje com 85 anos, ela realiza, há mais de 50 anos, vários trabalhos com caligrafia, como para convites, diplomas, certificados, cartazes, menu e cardápio.
— Os convites que faço são principalmente para casamento e festas de aniversário, qualquer tipo de evento. Trabalho com letras góticas alemãs, rondi e outros estilos. Posso fazer com letras douradas, prateadas e outras opções, de acordo com o gosto da pessoa. — disse Nízia, que trabalha em sua casa, no Parque Califórnia, e apontou as formas de contatá-la. — As pessoas podem entrar em contato comigo pelos números (22) 99926-2459 e 2728-5089, e pelo e-mail ní[email protected].
Nízia ainda ressaltou:
— O tempo para realizar o trabalho depende da complexidade que ele requer. Se, por exemplo, for um convite de casamento com letra mais simples e dourada, sou capaz de executar mais de 100 envelopes por dia. Agora se for com letras góticas alemãs, que são mais completas e demora mais um pouco, consigo fazer 100 convites em uma semana, o que é um tempo bom. Vou começar a fazer 100 convites para um casamento que vai acontecer em julho — relatou.
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Nízia contou que aprendeu caligrafia com 14 anos.
— Foi quando comecei a estudar em um colégio de freiras, no Rio de Janeiro. Lá, na época do ginásio, era obrigatório aprender duas matérias: caligrafia e datilografia. Então, estudei ambas as coisas quando estudei nessa escola. Foram quatro anos e, nesse tempo, como já tinha facilidade com canetas, porque sempre gostei de escrever, e nunca com letras pequenas, sempre com letras grandes e bonitas, me apaixonei pela caligrafia.
Saindo do colégio no Rio e vindo para Campos, suas letras bem desenhadas a fizeram começar a trabalhar como calígrafa.
— Já grande, eu estava em uma sala de aula e uma professora viu um trabalho meu, que, assim como o meu caderno, era todo escrito com letras bonitas. Ela, então, se interessou pela minha escrita e mostrou para o irmão dela, que era dono de uma escola de inglês em Campos. Foi aí que recebi o convite para fazer os diplomas do curso de inglês e comecei a trabalhar profissionalmente com isso. Trabalhei com diplomas de lá por mais de 20 anos — lembrou.
Após isso, foram surgindo convites para fazer diplomas e certificados de outras instituições e, também, de outras áreas.
— Fui convidada para fazer diplomas e certificados para maçonaria, para as faculdades de Medicina, de Odontologia e algumas outras, sempre de 200, 300 alunos. As outras áreas que começaram a me procurar eram para fazer convites, como de festas e casamentos, menus e cardápios, por exemplo.
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Também já foi convidada para ministrar aulas, mas não durou muito tempo.
— O primeiro convite partiu de uma jornalista. Mas era complicado em questão de tempo. Sempre o horário que ela podia não dava para mim, e vice-versa. O mesmo aconteceu quando fui chamada para dar aulas para algumas crianças. Mas pode ser que algum dia dê aulas outra vez — relata.
Outra habilidade que ficou foi da datilografia.
— Ainda tenho a habilidade de digitar com todos os dedos. Apesar da minha idade, tenho essa facilidade de escrever, de usar o computador. São duas paixões, sendo que caligrafia é realmente uma paixão.
Ela, no entanto, lamentou o desuso do trabalho do datilógrafo.
— Quando chegou a época do computador, as pessoas pararam de dar atenção ao trabalho do datilógrafo. Tudo passou a ser feito pelo computador. Caligrafia é muito importante. Uma vez li que Lima Barreto, um escritor, perdeu emprego por conta de sua má caligrafia. Acho que todas as escolas deveriam ter como matéria obrigatória. É uma arte muito interessante.

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