Aldir Sales
26/02/2018 22:44 - Atualizado em 27/02/2018 16:12
A Justiça aceitou a denúncia do vereador Jorginho Virgílio (PRP) contra o ex-governador Anthony Garotinho por calúnia. Ao sair da prisão domiciliar, no dia 27 de novembro, depois de ser condenado a 9 anos e 11 meses de prisão no “escandaloso esquema” de troca de votos por Cheque Cidadão na última eleição municipal, o político da Lapa discursou para militantes em frente à “casinha”, onde disparou sua já conhecida “metralhadora”. Em uma de suas declarações, Garotinho afirmou que vereadores recebiam propina. “Todo mundo sabe, hoje, onde funciona o bar da propina, onde todo mês os vereadores vão lá receber, além de tudo que já ganham, uma quantia em dinheiro, cada um”, disse à época.
No dia seguinte, Jorginho prestou queixa na 134ª Delegacia do Centro de Campos. De acordo com o parlamentar, o casal Garotinho rejeitou a intimação da Polícia Civil. “Segundo o inspetor que estava responsável pelo caso, eles tentaram intimá-lo duas vezes, mas a Rosinha (Garotinho) não aceitou. Então a polícia encaminhou o caso para o Jecrim (Juizado Especial Criminal), que repassou ao Ministério Público Estadual (MPRJ)”.
O advogado do vereador, Vinícius Arêas, relatou que ainda não há nenhum parecer da promotoria. “A ação está nas mãos do Ministério Público. A Justiça aceitou a denúncia, gerou um processo, mas ainda está em uma fase muito inicial. Não há nenhum parecer, nem do MP e nem do juiz”.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), o juiz responsável pelo caso é Geraldo da Silva Batista Junior e, desde o dia 31 de janeiro, está nas mãos do MPRJ.
Jorginho relatou, ainda, que espera que Garotinho prove o que falou. “Infelizmente este modus operandi marcou a trajetória política dele, de agredir as pessoas, suas famílias e até a vida pessoal dos outros. Eu não poderia ficar inerte com uma coisa que não participo. Se ele não conseguir provar o que disse, espero que ele cumpra o que a Justiça determinar. Que sirva de exemplo”, afirmou.
Além do processo criminal da Chequinho, onde já foi condenado, o ex-governador também responde às denúncias da operação Caixa d’Água, onde é acusado de operar um esquema de caixa dois com empresários locais dentro da Prefeitura de Campos durante a gestão Rosinha. Na área cível, Garotinho é réu em outros processos por calúnia, como o movido pelo ex-presidente do TJRJ, desembargador Luiz Zveiter. Durante sua terceira prisão, em novembro do ano passado, o ex-secretário de Governo de Campos esteve em audiência na 40ª Vara Criminal do TJRJ em processo de calúnia e difamação movido pelo capitão da Polícia Militar Rodrigo Pimentel, ex-integrante do Batalhão de Operações Especiais (Bope).Em 2012, Garotinho publicou dois textos em seu blog sobre o “passado que envergonha Rodrigo Pimentel”, acusando-o de defender Sérgio Cabral e simular surdez para se aposentar.
Mais recentemente, no início de fevereiro, a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) informou que o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) manteve a condenação do político da Lapa por calúnia contra o juiz federal Marcelo Leonardo Tavares. Entre 2011 e 2012, Garotinho escreveu em seu blog que o magistrado cometeu corrupção e prevaricação ao proferir a sentença de um processo contra ele, segundo a PRE.