Ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo e ex-ministro da Justiça, o atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes disse nesta quarta-feira em entrevista à Rádio Jovem Pan que uma medida emergencial, como a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, não é suficiente para resolver o problema da Segurança Pública. Moraes afirmou que é preciso fazer planos de médio e longo prazo que levem em conta investimentos em infraestrutura policial, inteligência e combate ao tráfico internacional de drogas.
Segundo o ministro, sem essas mudanças estruturais, pode ser que o Rio experimente apenas uma “melhora momentânea” provocada pela intervenção. “Acredito que o que irá resolver ou pelo menos atenuar o problema da Segurança Pública, e não é só no Rio de Janeiro, é um plano a longo prazo — disse o ministro, que já foi secretário de Segurança Pública no governo de São Paulo e ministro da Justiça durante o governo de Michel Temer.
Moraes cobrou a criação de um fundo federal para a Segurança Pública, capaz de pagar pelas medidas necessárias. Ele acredita que, com a proximidade das eleições, é possível que haja vontade política para que temas relacionados ao combate do crime caminhem no país.
— Isso se combate com inteligência, infraestrutura e dinheiro. Enquanto não houver fundo de segurança real, com dinheiro aplicado para inteligência e formação policial podemos ter medidas emergenciais que não vão resolver. Vamos ver se as vontades políticas e eleitorais façam com que se aprovem medidas a longo prazo. Senão, podemos ter melhora momentânea, mas isso vai acabar assim que se encerrar a intervenção — comentou.
Apesar dos comentários sobre a intervenção federal no Rio, o ministro do Supremo frisou mais de uma vez que não entraria no mérito da decisão da presidência. Segundo ele, não há nenhum vício constitucional.
Ainda durante a entrevista, Moraes cobrou mais esforços no combate ao tráfico internacional de drogas e armas. Ele lembrou que o problema da falta de segurança não é uma exclusividade do Rio e que o país registra uma taxa de homicídios de 35 por cada grupo de 100 mil habitantes, comparável a países em guerra. “Brasil não fabrica armas pesadas e não é grande produtor de maconha nem de cocaína. Mas é o segundo maior consumidor de cocaína. Precisamos pensar nisso”, disse o ministro. (A.N.)