Uma semana depois de iniciar o processo de investigação, a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) representou contra o ex-governador Anthony Garotinho por propaganda eleitoral antecipada, a partir de declarações em uma entrevista à uma rádio local que fizeram referência a “compra de apoios de deputados”, considerado crime de corrupção. De acordo com a PRE, o vídeo divulgado nas redes sociais do próprio Garotinho seria para promover possível campanha ao Governo do Estado. Na entrevista, o político da Lapa falou sobre metas de governo, fez promessas e pediu explicitamente votos, condutas vedadas pela legislação neste período. O radialista também teria declarado disposição para comprar parlamentares se for eleito sem formar maioria na Assembleia Legislativa (Alerj). A PRE pede que o vídeo seja retirado imediatamente do ar.
Segundo a PRE, ainda que seja de forma dissimulada, propagandas que tenham como objetivo induzir o eleitor a pensar que possível candidato mereça seu voto caracterizam propaganda antecipada. De acordo com a legislação, o pedido explícito de votos é proibido e as propagandas eleitorais só estão permitidas a partir do dia 16 de agosto.
A representação afirma ainda que as declarações de Garotinho poderiam ser analisadas sob o ponto de vista criminal, visto que faz referências expressas ao crime de corrupção ativa. No vídeo da entrevista, Garotinho aparece dizendo: “Não vote só em mim, vote no deputado que está do meu lado. Olha só: o cara vai votar em mim e vai votar num deputado estadual contrário, sabe o que vai acontecer? Depois eu vou ter que gastar dinheiro para comprar esse deputado. Como que vai fazer? Porque eu vou mandar uma lei, o cara não é do meu partido, e ele vai dizer assim: ‘Ah, não, eu para votar isso aí eu quero tanto’. Porque é isso que acontece hoje no estado. Da onde nasceu o mensalão? Nasceu disso”.
— As palavras do representado não se coadunam com o momento histórico-social crucial que o país atravessa, em que práticas inaceitáveis como as mencionadas têm mobilizado o Ministério Público e o Judiciário. Anthony Garotinho propala esse tipo de ilícito como se fosse algo comum, corriqueiro e, sobretudo, impunível — destaca o procurador regional eleitoral Sidney Madruga.
Mesmo sem partido, condenado à prisão em primeira instância e envolto em outras investigações criminais, Anthony Garotinho afirmou que será candidato à retornar ao Palácio Guanabara em outubro. O político da Lapa publicou recentemente em seu blog uma entrevista ao “Nosso Jornal” em que afirma: “não existe plano B. Ou vai ou racha!”. Em meio à crise no Estado do Rio de Janeiro, Garotinho afirma que é o mais preparado entre os pré-candidatos e voltou a repetir que é perseguido pelo grupo do também ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
— Sim, serei candidato a Governador. Com respeito aos demais pretendentes, nenhum dos nomes colocados tem o conhecimento para tirar o estado dessa situação de calamidade e descontrole que Cabral e Pezão meteram o Rio. (...) Não existe (plano B). Não estou correndo atrás de um cargo e sim de um sonho. (...) Agora ou vai ou racha — declarou. (A.S.) (A.N.)