Mil seiscentos e sete histórias de vida que tiveram um novo começo em 2017. Esse é o número de transplantes de órgãos e córneas realizados em todo o estado do RJ no ano passado, índice que supera em cerca de 43% os procedimentos do mesmo tipo em 2016, quando foram registrados 1.129 transplantes. Este não foi o único recorde batido em 2017: os números de transplantes de fígado, córnea e medula óssea são os maiores desde 2010. A quantidade de doadores efetivos também superou o ano passado, em 2017 foram 247 transplantes contra 226 em 2016.
Segundo o secretário de Estado de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Jr, o saldo positivo está relacionado ao empenho da equipe do Programa Estadual de Transplantes (PET) e ao sentimento solidário dos familiares que, mesmo em um momento de dor, possibilitam salvar outras vidas. Para Luiz, esse balanço ainda não é o suficiente. “Ainda é preciso acontecer uma mudança cultural quando se pensa em doação de órgãos e tecidos no estado. É importante que as pessoas conversem sobre o assunto e esclareçam suas dúvidas. Desde que foi criado, em abril de 2010, o PET já viabilizou a realização de mais de 7.590 transplantes de órgãos e córnea”, destacou o secretário.
Os transplantes de fígado, rim e córnea, realizados em 2017 pelo PET, alcançaram patamar recorde em relação ao ano anterior. O programa transplantou com sucesso 247 fígados e 212 medulas ósseas, mas córnea foi o que liderou o ranking no estado com 965 procedimentos, chegando a 68% a mais que em todo o ano de 2016 - quando 575 transplantes do tipo foram feitos. A parceria com os bancos de olhos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia e de Volta Redonda ajudaram a consolidar o transplante deste tecido no Rio de Janeiro. Hoje a modalidade é uma realidade para a sociedade fluminense.
O campista Marcelo Virgílio, 51 anos, recebeu doação de rim em 2001, ao saber do índice estadual ele considerou que é necessária mobilização e informação diante do cenário atual da saúde, para manter os resultados positivos. “Acho muito importante discutir sobre isso. Em Campos temos algumas instituições, mas a sociedade tem que participar também. Os pacientes, às vezes depois de resolvidos, esquecem da importância de ajudar. Qualquer doação, independente de órgão é importante. Deveria ter mais divulgação, com discussões voltadas para o público sem rivalidades institucionais”, destacou Marcelo.
Coordenador diz que 2018 começou positivo
De acordo coordenador do PET, Gabriel Teixeira, o ano de 2018 começou bem e caminha para repetir o resultado. “Terminamos o ano com um aumento significativo nas doações de órgãos comparado com o mesmo período de 2016. Começamos 2018 com muita força e esperamos que seja um ano ainda melhor. Cada doação pode render até sete transplantes mudando a vida de muita gente Começamos 2018 com muita força e esperamos que seja um ano ainda melhor. Cada doação pode render até sete transplantes mudando a vida de muita gente”.
Tecidos como córnea, ossos, pele e válvulas cardíacas podem ser doados tanto nos casos de morte encefálica quanto na morte resultante de parada cardíaca, diferentemente do que ocorre com órgãos como o coração, fígado e rins, entre outros, que só podem ser doadores os casos de morte cerebral. Após a captação, que deve ocorrer em até seis horas após o falecimento, elas podem ser devidamente armazenadas por até 14 dias, facilitando as cirurgias de transplante. Atualmente, o estado conta com 48 unidades transplantadoras.
— Assim como na doação de órgãos, a autorização das famílias é a única forma de garantir que as córneas sejam doadas. Doar não custa nada, mas receber uma doação significa muito para quem está batalhando pela vida — finaliza o coordenador. (J.F.) (A.N.)