Autoridades da região opinaram sobre medida
16/02/2018 23:06 - Atualizado em 18/02/2018 20:51
Delegados dizem que decisão foi acertada
Para o delegado titular da 146ª Delegacia Policial (DP), de Guarus, Luis Maurício Armond, ainda é cedo para avaliar as consequências da intervenção e os reflexos em Campos e região. Mas, ele vê a decisão com bons olhos.
— Se foi uma medida do governo federal junto ao governo estadual, com certeza vai trazer bons resultados. A secretaria de Segurança está sofrendo muito com a falta de recursos, com a própria questão da crise. Com o apoio da União, tenho certeza que os resultados vão ser positivos. Agora, como isso vai intervir em Campos, especificamente, é cedo para dar uma opinião — disse Armond.
Já o delegado Carlos Augusto Guimarães, titular da 145ª DP de São João da Barra, vê um problema bem mais complexo. “Para você ter mudanças efetivas na segurança pública do estado, isso demanda tempo. Não dá para, daqui até o final do ano, mudar toda uma estrutura precária, que já vem de vários anos. Não tem como fazer mudanças radicais nesse curto período de tempo. Tem que ter recursos humanos, materiais. A gente enxerga com bons olhos porque toda ajuda é bem-vinda, mas, se vai resolver ou não o problema, só o futuro dirá”, reforçou.
O comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Campos, tenente coronel Fabiano Souza, apenas disse que não está autorizado a comentar o assunto.
A Folha também tentou contato com o comandante do 32º BPM, de Macaé, tenente coronel Marco Vollmer, e o delegado titular da 134ª DP, Geraldo Rangel, sem êxito.
Conselho de Campos também foi a favor
O presidente do Conselho Comunitário de Segurança, Ivanildo Cordeiro, acredita que houve acerto por parte de Michel Temer.
— Diante da situação grave em que se encontra o Estado, principalmente a capital, acho que foi uma medida correta. Pelo menos, a população espera que seja estabelecida uma sensação de segurança. Hoje, a coisa está complicada. É um conjunto, uma série de medidas que devem ser implementadas — afirmou Cordeiro.
Para Ivanildo, embora o número de casos de crimes ligados ao tráfico seja grande em Campos, a organização da criminalidade não tem a mesma força que na capital. Porém, espera que a intervenção tenha reflexo positivo também na planície goitacá e na região. “Esse tipo de ação não tem como acontecer só na capital. A tendência é que as Forças Armadas façam um cerco. A amplitude desse cerco vai ser apresentada de acordo com a mancha criminal”, comentou.
Presidente da OAB fala em comprovação da crise no Rio
Na visão do presidente da 12ª Subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/Campos), Humberto Nobre, a intervenção pode até vir a ser uma decisão acertada, mas, inicialmente, surge como comprovação da crise da segurança no Estado.
— De uma maneira geral, a sensação de insegurança deixou de ser apenas uma sensação há muito tempo em todo o Estado. Na cidade do Rio, pior ainda. Tem criança morrendo dentro de escola, família morrendo dentro de casa. Eu vejo qualquer intervenção como um processo que constata, inicialmente, uma anomalia incorrigível pelo próprio detentor do poder. Qualquer intervenção pressupõe, inicialmente, que quem deveria fazer não tem nenhuma capacidade. Eu acho que isso gera mais insegurança, gera mais distúrbio na comunicação, mais prejuízo para a população. Mesmo tendo ciência da quase falência do Estado, a intervenção é um sintoma, por si só, muito preocupante — afirmou.

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