Menos de 48 horas de ter sido encerrada a longa paralisação dos funcionários da São Salvador, surge denúncia de irregularidades por parte da empresa nas linhas da Baixada Campista. Segundo uma leitora da Folha da Manhã, que preferiu ter a identidade preservada, na manhã desta quinta-feira (8), o ônibus que faz a linha Rodoviária-São Martinho realizou outro itinerário e, para piorar, foram cobradas passagens de estudantes e idosos, com a justificativa de que teria entrado em vigor uma nova lei. Questionado sobre a situação, o presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), Renato Siqueira, referiu-se à irregularidade da denúncia como "lei da zona".

- A população da Baixada acaba ficando muito prejudicada. A gente ficou muitos dias sem ônibus. Em Tócos, passava a Turisguá, agora está passando a São Salvador, e nos horários que querem, no itinerário que decidem. Nunca sabemos em que horário e local vamos conseguir pegar um ônibus para ir para o Centro - reclamou a denunciante.

A moradora da Baixada Campista pede providências. "Eu trabalho em Campos e, quando não tem ônibus, tenho que pagar passagem do bolso nas vans, porque não aceitam o cartão do vale transporte. No caso de idosos e estudantes, eles têm direito à gratuidade, mas, hoje, muitos tiveram que pagar. Ainda reclamam de quem pega lotadas, porque são irregulares e a gente sabe disso, mas acaba sendo uma opção para muita gente que trabalha e tem seus compromissos, por conta de toda essa bagunça", lamentou. 

Em nota, a superintendência de Comunicação da Prefeitura disse que "o IMTT não foi informado, oficialmente, sobre o retorno de ônibus da empresa São Salvador. Nesta quinta-feira (8), o presidente do órgão, Renato Siqueira, vai se reunir com o líder do consórcio e intensificará a fiscalização com agentes, fazendo todo o percurso nos ônibus. Na ação, será garantida a quantidade de veículos, alem das linhas que retornaram e, ainda, se a gratuidade de idosos, garantida por lei, está sendo respeitada".

Ainda segundo nota da Comunicação, "Renato Siqueira informou que, desde a última quarta (7), uma equipe de fiscalização do órgão está verificando as linhas e quantidade de veículos que teriam retornado, segundo a empresa São Salvador. O trabalho de fiscalização pelos agentes do órgão é diário e contínuo. É importante ressaltar que a paralisação da empresa é considerada ilegal, inclusive, os próprios funcionários levaram o caso ao sindicato, após assembleia realizada em janeiro, para adoção de medidas jurídicas contra a empresa São Salvador. O IMTT continua tomando todas as medidas necessárias para que o consórcio União, do qual a empresa São Salvador faz parte, atenda plenamente à população. Continua sendo avaliada, também, a possibilidade de caducidade dos contratos, em consequência do não cumprimento do estabelecido em edital".

A reportagem da Folha da Manhã entrou em contato com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários, Roberto Virgílio, questionando sobre a atuação dos cobradores. "O sindicato não tem conhecimento e não nos cabe intervir nisso, não é com a gente. Tem que ver com o IMTT. No meu entendimento, está errado. Mas, é com o IMTT. Nós só respondemos sobre o que diz direito ao trabalhador. Se o cobrador está fazendo isso, é porque foi recomendado por alguém. Alguém tem que responder, deve ser a empresa", afirmou.

Também foi tentado contato com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setranspas), Gilson Menezes, sem êxito. A reportagem ainda não conseguiu contatar a diretoria da São Salvador.