Aposta nos arranjos produtivos
Paulo Renato Porto 17/02/2018 16:42 - Atualizado em 19/02/2018 16:54
Folha da Manhã
A união de esforços entre os governos municipal e estadual visando preparar Campos para um desenvolvimento econômico mais independente dos royalties do petróleo tem contado com um trabalho de articulação, que envolve secretarias das duas esferas de poder, autarquias, órgãos de pesquisa e fomento, além de universidades e o ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. A proposta é acompanhar as demandas de diferentes setores a fim de promover o fortalecimento das atividades econômicas que garantam a sua sustentabilidade e o desenvolvimento local.
Dois desses setores, as indústrias de cerâmica e de móveis, já são reconhecidos com ações consolidadas junto à superintendência de Arranjos Produtivos Locais (APL) da subsecretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado.
O caso das cerâmicas, a ação conjunta aponta para a melhoria da competitividade a partir da obtenção do certificado de qualidade dos tijolos produzidos em Campos, que concorre em desigualdade com o material produzido em Três Rios, que já avançou para a certificação. O trabalho tem sido feito com a Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer),o Sindicato da Indústria de Cerâmica para Construção de Campos e o Centro Vocacional Tecnológico (CVT) da Faetec.
No próximo mês, segundo o superintendente de Planejamento de Campos, Marcel Cardoso, uma reunião deve acontecer no Rio para a apresentação de novos cenários desses arranjos produtivos já consolidados e outros que estão sendo identificados, como o do ramo de confecções e da produção de alimentos.
— São setores que nós já identificamos, com o conjunto de atores e instituições envolvidos, quem produz e quem compra esses produtos, enfim — detalha Marcel. Ainda neste primeiro semestre, de acordo com ele, uma rodada de negócios envolvendo esses setores será realizada em Campos.
Os arranjos produtivos locais, ainda segundo Marcel, são aglomerações de empresas, localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação a aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais como: governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.
Para incrementar essa estratégia de desenvolvimento, Marcel destacou o potencial de inovação de Campos a partir da sua condição de polo universitário e tecnológico. Entre as linhas mestras, a gestão da governança, o protagonismo local, a promoção de um ambiente de inclusão dos produtores, a qualificação da mão de obra, a formalização das empresas e o acesso ao crédito.
Além de pastas e órgãos estaduais e municipais, como a secretaria Estadual da Casa Civil, a subsecretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, a superintendência municipal de Planejamento e a de Desenvolvimento Econômico, a Codenca e o Fundecam, o projeto inclui ainda órgãos como o Senac, Senai, Embraer, Pesagro, bem como instituições como a Uenf, UFF e Faetec.
Pensar Campos para além dos royalties
A proposta de articulação entre duas esferas de poder, órgãos e instituições de pesquisa, crédito e fomento, visa desenvolver Campos de forma sustentável, apostando nas vocações regionais, como ocorreu durante a apresentação do Plano de Metas 2017/2020, em março do ano passado, lembra Marcel Cardoso.
Na ocasião, foi elaborado um documento com um conjunto de propostas para pensar Campos para além dos royalties, buscando atrair investimentos que fomentem esses setores tradicionais, junto com os empreendimentos presentes na região, como o Porto do Açu, favorecendo a integração de setores econômicos distintos que podem se complementar, gerando empregos e receitas para o município.
— Não desprezamos o desenvolvimento das atividades exógenas como o Porto do Açu ou a indústria do petróleo, mas a região precisa desenvolver as vocações regionais, proporcionar maior dinamismo às atividades que possam criar raízes e fixar o morador em seu município. Gerando trabalho e renda aqui e valorizando o espírito empreendedor da nossa gente — concluiu ainda o superintendente.
Pesca e aquicultura com potencialidades
Rodrigo Silveira
Marcelo Cardoso destacou também a pesca convencional e a aquicultura como outros setores a serem trabalhados como arranjo produtivo local em desenvolvimento.
— A pesca convencional já é uma atividade conhecida, mas vamos trabalhar também a aqüicultura com a produção peixes por tanques sejam naturais ou artificiais, dinamizando esses setores para gerar trabalho e renda nessas localidades. Os resíduos gerados pelo peixe criam outros insumos que podem ser utilizados na ração e outro tipo de resíduo pode ser tratado e virar fertilizantes para cultivo de hortaliças — explicou ainda o superintendente.
Outra vertente deste plano de desenvolvimento é a produção de frangos, através do programa que tem sido desenvolvido pela Superintendência de Agricultura e Pecuária.
Inserção de produtos alimentícios no mercado
Na área da indústria da alimentação, Marcel Cardoso destaca, entre outras atividades, a produção de doces, leite e seus derivados. Outro setor ainda a ser trabalhado posteriormente é o de confecções e os derivados da cana de açúcar.
— Temos unidades de produção de leite e queijo, em Campo Limpo e na região do Imbé. Através da cana pode-se produzir uma série de itens como a cachaça, o etanol ou o álcool específico para cosméticos. Há várias formas de gerar valor agregado com um mesmo produto — frisou.
Há também cuidados com a inserção da produção no mercado, através de compras governamentais, tanto no âmbito do Estado como do município, com a aquisição de merenda, uniformes ou móveis escolares e de escritório.
Além destes canais, há programas como o Compra Rio, do governo estadual, que tem por objetivo incrementar o volume de compras de produtos e serviços, através de Rodadas e Encontros de Negócios que colocam, frente a frente, médios e pequenos fornecedores com grandes empresas compradoras, incentivando a melhoria do ambiente de negócios e possibilitando a criação de novos postos de trabalho.

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