Meninos da comunidade do Morrinho, em Campos, emocionaram público e artistas ao se apresentar no programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, nesta sexta-feira (9). O convite para fazer a apresentação surgiu após um vídeo em que a bateria mirim aparece tocando o samba-enredo deste ano da escola Beija-Flor viralizar nas redes sociais. No registro, as crianças usam baldes, latas e garrafas pet como instrumentos.

No programa, a apresentação levou Neguinho da Beija-Flor — intérprete oficial da agremiação — às lágrimas. Na ocasião, ele comentou:

— Minha infância foi isso aí. Quando eu ganhei duas latas de goiabada com nove, 10 anos, cantando uma música do Jamelão (intérprete de sambas da Mangueira) foi assim que aconteceu, sem camisa.

O vídeo dos meninos tinha, em menos de 24 horas no Facebook, mais de 16 mil compartilhamentos. Um deles foi de Neguinho da Beija-Flor, que, em sua página do Facebook, publicou:

— Recebi esse vídeo de um amigo. E chorei muito, de emoção. Soube que esses meninos são de Campos de Goytacazes. Essas imagens me fizeram lembrar a minha infância, porque eu também “brincava” assim, cantava e batucava numa lata de goiabada. Hoje, vendo esses garotos cantando um samba que aprenderam ouvindo através da minha voz, me veio um sentimento que é até difícil de explicar. Comecei assim, cantando num quintal como eles, e graças à minha querida Beija-Flor me tornei conhecido e posso hoje atingir, com a minha arte, gente de várias gerações em todos os cantos do mundo. Muito obrigado, meninos, por me proporcionarem essa emoção. E que Deus e os governantes desse país deem condições a vocês de realizarem seus sonhos.

Quem também comentou sobre o assunto foi umas das carnavalescas da agremiação, Bianca Behrends. Ela ressaltou que o samba e o Carnaval são “agentes transformadores tanto quanto o esporte”, as “outras formas de se fazer música”, “o teatro” e as “múltiplas formas de arte”.

— (O vídeo é) comovente, arrebatador, genuíno — comentou ela, que citou um trecho da letra do samba da escola: “Ganância veste terno e gravata... Mas o samba faz essa dor dentro do peito ir embora”. (J.H.R.) (A.N.)