O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atacou o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, na noite da última terça-feira, em um evento em num teatro na Zona Sul do Rio. O petista também falou que o juiz Sérgio Moro deveria se aposentar. Na semana que vem, a Corte vai julgar o recurso da defesa de Lula contra a condenação no caso do tríplex do Guarujá. Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em primeira instância por Moro.
— Não vou falar mal dos juízes de Porto Alegre porque não os conheço. Acho estranho o presidente do tribunal não ter lido a sentença e ter falado que era irretocável. Estranhei um cara (desembargador) ler não sei quantas mil páginas em poucos dias, mas, como tem leitura dinâmica, pode ser.
O ex-presidente sugeriu ainda que Sérgio Moro deveria ser exonerado, pelo “bem do serviço público”. Já a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que o partido radicalizou o discurso nos últimos dias porque é preciso ter “direito à indignação”.
A senadora ironizou ida do presidente do TRF-4 a Brasília, onde se encontrou com a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia. Thompson Flores relatou que os desembargadores que vão analisar o recurso da defesa de Lula sofreram ameaças. A oitava seção, responsável pelos processos da Lava Jato em segunda instância, é composta por três desembargadores: Leandro Paulsen, João Pedro Gebran Neto e Victor Laus.
— Eles (desembargadores) não precisam ter medo, ir lá conversar com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça, também presidido por Cármen) e pedir reforço de segurança. Nunca fizemos atos agressivos, mas não vamos ser mansos vendo a desconstrução do nosso país. Não ficaremos de braços cruzados vendo a injustiça perseverar — disse Gleisi.