Ana Laura Ribeiro e Jéssica Felipe
24/01/2018 12:51 - Atualizado em 25/01/2018 13:39
Na madrugada da última quarta-feira (24), Jeovany Carvalho de Andrade Pinto Brito, 29 anos, tenente da Polícia Militar, lotado no 25º Batalhão de Cabo Frio – Unamar, morreu após ser baleado em uma troca de tiros no Morro da Coca-Cola, em Arraial do Cabo. O caso dá continuidade a uma estatística negativa do estado: a morte de policiais militares. Este é o primeiro registro de janeiro na Região dos Lagos, duas semanas depois do caso registrado em Macaé. Jeovany, natural do Rio, deixa um filho de três anos.
No ano passado, 134 PMs foram assassinados no estado do Rio de Janeiro. Segundo um levantamento realizado pelo G1, deste número, a situação que mais mata policiais militares no Rio ainda é o assalto.
No décimo dia de janeiro, a equipe do 32º BPM de Macaé se despedia de José Renê Araújo Barros, morto em um confronto com bandidos na comunidade Lagomar. Exatas duas semanas depois, morria em Arraial do Cabo, o jovem policial Jeovany, que junto de outros militares se deslocou ao Morro da Coca-Cola para verificar denúncias anônimas de homens armados na localidade.
Segundo informações da polícia, assim que a viatura chegou ao local, por volta de 01h, criminosos começaram a atirar. Um dos disparos atingiu o tenente, que chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Os policiais retornaram ao local do crime, localizaram um dos criminosos e o prenderam junto de outros suspeitos.
O comandante do 25º BPM, tenente coronel André Henrique, ressaltou que o oficial tinha uma aproximação muito grande com a população e colocou seu ponto de vista sobre o cenário da violência. “Essa é uma perda irreparável para a polícia militar e a sociedade. Temos como pano de fundo a venda de drogas, consumo de drogas que alimenta toda essa máquina da violência. Com isso, temos mais armas e roubos. Então, estamos trabalhando forte nessa situação. Mas, infelizmente temos cada vez mais usuários, mais venda de drogas e consequentemente mais armas para defender o território. Um desafio diário”, disse.
Nas redes sociais, amigos se despediram de Jeovany e se solidarizaram com familiares. “Ele honrou a farda que usava. Que Deus conforte o coração de todos”, lamentou a amiga Priscila Mello.
O vereador de Cabo Frio, Vaguinho Simão também deixou sua mensagem. “Um jovem policial que em defesa da sociedade e da ordem teve a sua vida ceifada. Minhas condolências à família e meu repúdio a essas leis que limitam os policiais e dão sensação de impunidades a esses vagabundos que oprimem a sociedade”.
O velório de Jeovany aconteceu no Cemitério Santa Izabel, em Cabo Frio, e o sepultamento será nesta quinta, às 15h30, no Jardim Sulacap.
Mudança - A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) apresentou, em setembro, o relatório final da Comissão parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou mortes de policiais no Estado. Segundo o documento, os agentes do Rio correm seis vezes mais risco de morrer do que policiais de São Paulo. Parte do texto diz que a atual política de confronto tem gerado a alta a mortalidade de policiais. O deputado Zaqueu Teixeira (PDT), relator da CPI, propõe mudanças à politica de confronto aplicada pela Secretaria de Estado de Segurança (Seseg). “Nós temos, há mais de 10 anos, a mesma política de segurança, baseada no confronto, e já notamos que ela não funciona. O governo precisa tomar medidas para proteção desse policial”, reforçou.
De acordo com o relatório da organização Human Rights Watch (HRW) divulgado no último dia 18, é preciso engajamento da sociedade. “A polícia no Brasil precisa desesperadamente da cooperação da comunidade para combater os elevados índices de criminalidade que afligem o país”, afirma a diretora da HRW no Brasil, Maria Laura Canineu.