Dora Paula Paes
20/01/2018 17:13 - Atualizado em 24/01/2018 18:41
A lista de material escolar é sempre um gasto a mais no orçamento familiar no início de cada ano, mais uma tarefa executada por pais e responsáveis. No próximo dia 5 de fevereiro, a maior parte das escolas da rede particular inicia o ano letivo. Nas principais livrarias de Campos o movimento ainda não está como o esperado, mas esperam aumento nesta semana e, principalmente, depois do Carnaval. Os pais que ainda não passaram nem perto de uma livraria devem ficar atentos, a superintendência do Procon em Campos divulgou pesquisa realizada em oito estabelecimentos. Segundo o órgão de defesa do consumidor foram encontradas diferenças de até 400% no preço de produtos similares.
O levantamento foi realizado nos dias 9 e 10 de janeiro e o superintendente do Procon-Campos, Douglas Leonard tem dicas importantes ao consumidor para economizar.
— Antes de sair às compras, os pais precisam verificar quais itens restaram do período letivo anterior e avaliar a possibilidade de reaproveitá-los e em seguida fazer pesquisa de preços e comparar os valores em diferentes estabelecimentos — disse.
Para uma maior economia, a orientação é que se evite produtos com personagens, logotipos e acessórios licenciados, porque geralmente os preços são mais elevados. Outra dica é reunir-se com outros pais para conseguir maiores descontos, negociar a troca de livros usados por novos ou ainda restaurar livros já usados, mas que continuam sendo utilizados pela escola.
— As escolas são obrigadas a fornecer a lista de materiais escolares para que os pais dos alunos possam pesquisar preços e escolher o fornecedor que preferir. A instituição de ensino não pode exigir marca de produtos e estabelecimentos comerciais para compra do material escolar, devendo ser livre a escolha do consumidor — ressalta.
O governo federal proibiu os estabelecimentos de ensino de incluírem na lista de materiais escolares itens de uso coletivo (Lei Nº 12.886/13). Pincel para quadro branco, toner, álcool, copos descartáveis e material de limpeza, são exemplos de materiais de uso coletivo.
O Procon Estadual também se movimenta para ajudar os pais nessa tarefa, para não gastar mais do que o necessário. O Código de Defesa do Consumidor protege contra abusos. Por exemplo, as escolas têm obrigação de fornecer a lista de material aos alunos, para que os pais possam pesquisar preços e escolher os fornecedores de sua preferência. Alguns colégios exigem que o material escolar seja comprado no próprio estabelecimento, mas isto só vale quando o conteúdo didático é produzido pela própria escola. Casos de listas com itens irregulares podem ser denunciados no Procon-RJ e em outros órgãos de Defesa do Consumidor.
– Cabe ao responsável avaliar a finalidade de itens exigidos que não são encontrados em nossas listas: se será utilizado exclusivamente por seu filho ou se servirá para abastecer ou cuidar do estabelecimento em que ele estuda, como papel higiênico, papel ofício e sabonete, por exemplo – explicou Soraia Panella, coordenadora de atendimento do Procon-RJ.
Pais estão dispostos a pesquisar preço
Alguns pais já estão com a lista de material escolar nas mãos e gastando sola de sapato para encontrar os melhores preços. E como se organizar nesse momento que antecede as compras ? Como conter a vontade dos filhos pelo modismo do momento?
Na última sexta-feira, a Ana Luíza Gomes, de 34 anos, profissional autônoma, estava em uma livraria da cidade recolhendo as duas listas de materiais que deixou há 10 dias, dos filhos Dayana e João Francisco, 7 e 9 anos, respectivamente. Segundo ela, os livros didáticos serão comprados na própria escola, com uma média de gasto de R$ 1.200 para cada filho. “Tive que optar pelo parcelamento, a conta foi alta”, disse.
Quanto ao resto do material pedagógico, Ana Luíza levou a lista a quatro papelarias da cidade. “Estou pegando as listas para compará-las e separar o que comprarei em cada um dos estabelecimentos”, ainda ressalta.
Ela ainda está preferindo ir as compras sem a participação das crianças, apesar de existir uma orientação para que os filhos participem desse momento e aprendam a poupar junto com os pais.
— Eu não os trouxe, mas já sei o que eles querem. Minha filha quer cadernos e estojo e mochila de unicórnios, modinha do momento. Meu filho já está maiorzinho, mas ainda gosta de personagens que remetam aos jogos de vídeo game. Mas está tudo muito caro, terei que ponderar algumas coisas com os dois e depois sair às compras.
Comércio espera por movimento maior
Em Campos, o comércio de livraria e papelaria ainda espera pelo retorno do investimento com estoque para aguardar pais e responsáveis para as compras para a volta às aulas em tempo de inflação.
Na papelaria mais tradicional da cidade, o comerciante Ronaldo Sobral se diz confiante nas vendas. “Nas últimas semanas o movimento não foi forte, muita gente nas praias, muito calor que acaba por desanimas as pessoas de sair para o comércio, mas espero que nesta semana e na próxima o estabelecimento lote, como nos anos anteriores. É aquela velha história, o brasileiro sempre deixa para a última hora. O maior movimento esperado é para depois do Carnaval, esse ano mais cedo”, disse ele.
O comerciante também ressalta a evolução do país, com pais mais conscientes da importância da educação para o futuro dos filhos.
Quantos aos preços, Ronaldo Sobral diz que uma lista de material, sem livros e mochilas, saí na faixa de R$ 300, comprando muita coisa.
— O que eu não entendo é a política do preço dos livros didáticos, que são tabelados, tão caros no Brasil.