Em janeiro, muita gente sobe na balança e decide começar uma dieta. Mas de que tipo?
Dietas low-carb, ou seja, baseadas no consumo de pouco carboidratos, entraram na moda nos últimos anos. Elas são baseadas na crença de que comer muito carboidrato, especialmente na forma de alimentos como pão branco, arroz e macarrão, engorda e é ruim para a saúde.
A lógica é a de que, se você come muitos carboidratos simples e açúcares, que são rapidamente absorvidos pelo corpo, seu nível de glicose no sangue vai subir logo em seguida.
A não ser que você gaste essa glicose fazendo exercícios, seu pâncreas vai liberar altas quantidades de insulina para normalizar a quantidade de açúcar no sangue. E a insulina faz isso armazenando o açúcar em excesso em forma de gordura.
Muita gordura — especialmente no abdômen — pode levar a problemas sérios de saúde, como diabetes do tipo 2.
As pessoas acabam se preocupando tanto com a quantidade de carboidratos consumidos quanto com o momento em que eles são ingeridos. Existe a crença, por exemplo, de que comê-los à noite é pior do que comê-los no café da manhã.
Isso seria porque, ao comer pela manhã, você gastaria ao longo do dia a glicose produzida a partir dos carboidratos que ingeriu. Quando você come à noite, seu corpo está se preparando para dormir, então, a tendência seria de armazenar essa energia.
Essa é a teoria. Mas é verdade? Foram recrutados voluntários saudáveis para ver como seus corpos lidariam com comer sua porção diária de carboidratos na manhã ou à noite. Também para ver se seus corpos se adaptariam ao longo do tempo.
Todos os voluntários comeram uma quantidade fixa de legumes, pão e macarrão ao longo do dia. Eles comeram a maior parte dos carboidratos durante a manhã por cinco dias. Depois comeram normalmente durante cinco dias, antes de trocar para um dieta em que a maior parte do carboidrato foi consumida no jantar.
A equipe de Collins monitorou o nível de açúcar no sangue durante todo esse tempo.
“Sempre achei que fazia sentido que o processamento de carboidratos fosse de fato melhor se eles fossem consumidos antes de um dia inteiro de atividades”, diz o médico. “Então, eu esperava que, quando os carboidratos fossem consumidos de manhã, fosse mais fácil para o corpo lidar com eles.”
“Mas não sabemos o que realmente acontece se você fizer uma dieta comendo mais carboidratos à noite. Não existem muitos estudos sobre isso.”
Quando os pesquisadores mediram a glicose dos voluntários depois do tempo comendo carboidratos de manhã, viram que o nível estava em 15,9 unidades, mais ou menos como previsto.
Mas, quando fizeram o mesmo teste depois de cinco dias com uma dieta cheia de pães, massas e legumes à noite, mas com pouco carboidrato durante o dia, o nível de açúcar tinha caído para 10,4 unidades, muito abaixo do esperado.
Então o que aconteceu? Bom, pode ser que o que mais importe não seja quando você come carboidratos, mas o tempo antes de comer que você fica sem eles. Se você teve um grande intervalo desde sua última refeição rica nesse nutriente, seu corpo estará mais preparado para processá-lo.
Isso acontece naturalmente durante as manhãs, porque você ficou sem comer nada no período em que esteve dormindo.
O estudo sugere que, se você não comer muitos carboidratos durante a maior parte do dia, o efeito pode ser o mesmo.
Em outras palavras, depois de alguns dias com cafés da manhã e almoços low carb e jantares com massas e pães, seu corpo se adapta e se torna melhor em lidar com uma dieta cheia de carboidratos à noite.
Agora, Collins está começando um estudo muito maior, que deve dar respostas mais concretas. Nesse meio tempo, o conselho dele é não se preocupar com o momento em que você come carboidratos, mas com manter uma rotina estável e não se empanturrar com eles em toda refeição.
Tudo indica que a questão é ter picos e momentos de “jejum” desse ingrediente. Ou seja, se você come muito pão à noite, tente minimizar seu consumo de manhã. Por outro lado, se você se encheu de torradas no café da manhã, tente fugir do macarrão no jantar. (A.N.)