“Tudo isso”?, soltou Regina Duarte, surpresa, ao ser alertada de que 28 anos se passaram desde que ela fez o primeiro, e até então único, par romântico com Tony Ramos. Foi em “Rainha da Sucata”, quando eles interpretavam o casal Maria do Carmo e Edu, que vivia às turras. No ar em “Tempo de Amar” como a cafetina Lucerne, a atriz, aos 70 anos, volta a formar par com o colega de 68 e brinca.
— Eu gostaria que José Augusto fosse apaixonado por ela, que ele sofresse. Assim Lucerne daria o troco por Maria do Carmo — diverte-se Regina, que pontua: — A história de agora não se compara à paixão que Maria do Carmo teve por Edu. Lucerne, que se apresenta para ele como Catarina (seu nome real), quer dar um golpe para resolver os problemas da maison. E parte do dinheiro ela dá para a caridade. É uma trambiqueira inocente.
José Augusto está no Rio em busca da filha Maria Vitória (Vitória Strada) e vai cair de amores por Catarina. Mas o encantamento acaba quando ele descobre toda a verdade. A união da ficção, escrita por Alcides Nogueira, colaborador de Silvio de Abreu em “Rainha da Sucata”, é uma ponte para os atores colocarem o papo em dia.
— Não somos amigos de um frequentar a casa do outro. Mas existe companheirismo entre a gente. Nossa profissão não promove a relação cotidiana, mas o respeito. Estamos nos divertindo — afirma ele, interrompido pela atriz: — Estamos aproveitamos as gravações para falar da vida (risos).
Em meio às recordações, Regina lembra que a cena mais marcante da novela de 1990 foi quando Maria do Carmo atirou em Edu.
— Foi traumática. Sempre tive medo de pegar em arma — diz ela, seguida por Tony: — O acerto de contas dos dois marcou porque foram 16 páginas de texto. Uma das cenas mais longas que já fiz.
Para Tony Ramos, José Augusto vai se revoltar quando descobrir a verdade sobre Lucerne, mas a perdoará: “Ele se sente em dívida pelas coisas erradas que fez. Por isso, essa é uma situação menor. O único propósito desse homem é conseguir o perdão da filha”.
Regina Duarte diz que se sente segura ao contracenar com o ator: “É um reencontro rico. Com ele, o jogo acontece. A gente entra em campo sabendo que vai ganhar”.
Com pouco mais de 50 anos de carreira, o ator diz que não se sente desafiado: “Prefiro ser estimulado porque não tenho que provar mais nada”.
Toda vez que começa um trabalho, Regina diz se sentir como uma página em branco: “Até compreender o personagem, é muito trabalho. É um jogo de sedução que não acaba”. (A.N.)