Tudo preparado por um grupo que se encontra para o grande momento: o levantamento do mastro com a imagem de Santo Amaro, que acontece no próximo dia 14, véspera da grande festa.
É uma tradição que foi implantada por um grupo de devotos que se encontra para um momento mágico. Os fogos, a banda de música e a expectativa do momento quando Miguel de Carvalho Gomes resgata o legado do pai já falecido, Dalírio Pereira Gomes, conhecido com Seu Didimo. O momento mais esperado é quando erguido o mastro, chega a hora de desfazer as cordas. Miguel tem todo cuidado, uma corda comanda a operação e aos poucos tudo se desfaz.
Segundo relatos de Aprígio Barcelos, o levantamento do mastro sempre aconteceu em Santo Amaro, mas a procissão foi implantada a partir de uma promessa da Família Ventura e iniciou saindo da localidade de Sabão para dar um destaque maior a toda a cerimônia que acontece no dia 14 de janeiro. Mas na década de 70 do século passado a tradição foi assumida por um grupo de moradores e Aprígio recorda de alguns pioneiros.
— No início da década de 70, a família entrou em contato com o Sr. Abílio Neves, pois desejava entregar a responsabilidade para a comunidade de Santo Amaro. Desde, então, foi criada a comissão do Mastro.
Alguns participantes da comissão: Abílio Neves, Isadelfo Soares, Adauto Neves, Amaro Celso e Sebastião Costa O mastro só sai de residências de pessoas da comissão, de acordo com pedidos realizados com antecedência, para que assim se organize a agenda. Esta comissão é responsável por custear os gastos. Desde o mês de dezembro já se iniciam os preparativos, onde é realizada a manutenção anual do mastro — recorda Aprígio.
Tradições que aos poucos fazem parte de uma história familiar e que se transformam na história social e religiosa. O importante é reunir moradores para um momento que emociona e é uma grande demonstração de fé no padroeiro da Baixada Campista
A jovem Viviane Gomes Tavares fala da tradição familiar, que começa com o bisavô, Dalírio Pereira Gomes, um homem simples que certo dia criou um laço diferente e aos poucos foi se tornando a atração principal. Essa invenção foi passada ao filho Miguel de Carvalho Gomes e atualmente por familiares. E a jovem conta da emoção em ver esse legado preservado.
— É um momento muito lindo, onde vemos a imagem de Santo Amaro ser erguida de forma triunfante e nos emociona muito, pois Jesus é o nosso Salvador e Senhor, mas temos um Santo que intercede a Ele por nós e é o Padroeiro da baixada. E é muito poderoso, pois a cada ano gerações e mais gerações vêm a sua igreja, hoje Santuário, agradecer por algo alcançado em suas vidas, ou pelo simples fato de estar vivo e poder estar ali. Recebem bênçãos e forças para suas lutas de cada dia — recorda Viviane.
O tempo é de resgate e registro das tradições que com o passar dos séculos foram incorporadas à festa e à devoção a Santo Amaro. E importante registrar a memória dos moradores. A procissão do mastro é um momento mágico, conta Jorge Bento Neves Pereira. Relata a tradição cultivada por tantos moradores e fala de seu pai por décadas acompanhava o momento do levantamento do mastro e a emoção. Agora conta aos filhos as muitas histórias da fé e devoção no santo.
— Morei em Niterói onde me casei, mas voltei a minha comunidade. Mesmo quando morava fora nunca deixei de vir para a Festa de nosso Glorioso Pai Santo Amaro. Sou devoto e nunca vou cansar de recordar as minhas histórias desde a minha infância. Cresci ouvindo muitas dessas histórias e o momento do levantamento do mastro é um momento único, que nos moradores nos unimos para uma grande festa de louvor. Fico emocionado todos os anos. Vivi em Santo Amaro e me orgulho de estar de volta com a minha esposa e filhos — destacou Jorge Bento. (A.N.)