Não é de hoje que se ouve falar de fraudes na Previdência Social em Campos e outros municípios. Que o digam trabalhadores beneficiários do sistema, geralmente idosos ou pessoas com sérios problemas de saúde que amargam o indeferimento de seus pedidos de reconhecimento de enfermidade para obter o auxilio a que tem direito. Por outro lado, há pessoas completamente sadias que recebem benefícios de auxílio-doença. Com a ajuda de atravessadores, esses “doentes” são direcionados para serem atendidos por servidores e peritos-médicos participantes do esquema criminoso. Exames e atestados médicos são fabricados com o intuito de comprovar a incapacidade física desses segurados. Lamentável. Cadeia para esses criminosos.

O destino realmente é irônico. Como disse a jornalista Suzy Monteiro no blog Na Curva do Rio, hospedado no Folha1, os ex-governadores Anthony Garotinho (PR) e Sérgio Cabral (PMDB) estão unidos pela política, Justiça e agora também pela teologia. Atuais inimigos mortais, os dois políticos já foram grandes aliados por quase uma década. Depois da separação e dos muitos espinhos no caminho dos dois nos últimos anos, o reencontro aconteceu na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, onde Cabral cumpre pena na Lava Jato e para onde Garotinho foi inicialmente transferido após a prisão na operação Caixa d’Água.

Agora a união entre Garotinho e Cabral também chega ao plano espiritual. É que o peemedebista e a esposa, Adriana Ancelmo, também presa na Lava Jato, foram aprovados no vestibular do curso à distância de teologia, oferecido pelas Faculdades Batista do Paraná (Fabapar). Vale lembrar que o político da Lapa e sua mulher, a ex-governadora Rosinha Garotinho (PR), são formados na mesma disciplina. No entanto, o diploma do ex-secretário de Governo, usado por ele para não ficar nas alas comuns dos presídios por onde passou, é alvo de contestação na Justiça Eleitoral.

De acordo com matéria do jornal O Globo de novembro de 2016, em um processo julgado em 2014 pelo Tribunal Regional Eleitoral, Garotinho alega ter feito a graduação na Fatun, no Centro do Rio. Nos autos, ele informou que o diploma foi expedido pela Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil (Faceten), em Roraima. Em publicação em seu blog, no entanto, apresentou como prova de conclusão o diploma de uma terceira instituição: o Instituto de Ensino Evangélico e Formação Teológica RJ. Para o desembargador Alexandre Mesquita, que relatou a ação, os fatos mostram de “evidências de falsidade ideológica” no episódio.

Na última quinta-feira, Sérgio Cabral pediu ao juiz Marcelo Bretas, durante depoimento, para prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no dia 12 de dezembro. Cabral, já formado em jornalismo e pretendia ingressar no curso de história. O magistrado já concedeu o pedido apresentado pela defesa do político. De acordo com a legislação penal, os estudos possibilitam a redução do cumprimento de pena, o que explica o interesse súbito do ex-governador pela busca do conhecimento.

O que mata mais em no Rio de Janeiro? Os tiros das balas perdidas ou o desvio do dinheiro público da saúde, da educação, da segurança e de obras de infraestrutura, praticado pela delinquência do colarinho branco em sucessivos governos do Estado do Rio? Afinal, os milhões de reais desviados hoje fazem falta para o cotidiano do povo carioca ou fluminense. Incluindo o próprio servidor público estadual, que até agora sem receber direitos em atraso de 2016, além de salários de outubro e novembro deste ano, sem contar o próprio 13º salário. Há gente que entrou em depressão em razão de uma situação dramática de dívidas e privações pessoais causadas pelo aperto financeiro.

O português Cristiano Ronaldo é um jogador extraordinário, uma máquina de fazer gols que usa habilidade, força e velocidade, entre outros atributos, para se tornar o grande atacante que acaba de levar para casa mais um troféu que o coloca como o maior, entre os maiores. Mas, daí a se considerar o maior jogador da história, é forçar muito a barra. CR7 nunca viu Pelé jogar, nem mesmo Eusébio, seu conterrâneo. Garrincha, muito menos. CR7, Falastrão, como sempre.