Aldir Sales
28/12/2017 10:26 - Atualizado em 29/12/2017 16:32
Envolvido na maior polêmica política no final de 2017, quando foi acusado em um áudio atribuído ao juiz campista Glaucenir Oliveira de ter recebido propina para soltar o ex-governador Anthony Garotinho, o ministro e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, vai deixar a Corte no dia 14 de fevereiro de 2018 com o final do seu segundo biênio no cargo. Quem vai assumir o lugar de Mendes no tribunal é o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e seu desafeto público, Luís Roberto Barroso, que, ao contrário do colega, é considerado integrante de uma ala mais “linha dura” em temas criminais. Nos últimos meses, os dois ministros trocaram farpas públicas, a ponto de Barroso afirmar que o presidente do TSE é “leniente em relação à criminalidade de colarinho branco”.
Ainda sem data para julgamento no plenário do TSE, a liminar que decide se Garotinho continua livre ou volta para a cadeia, no entanto, poderá ser analisada por uma composição diferente da atual. Vale lembrar que o relator do processo, Jorge Mussi, também considerado da “linha dura”, já deu um parecer pela manutenção da prisão do político da Lapa anteriormente.
No último dia 20 de dezembro, Gilmar concedeu habeas corpus para Garotinho e todos os presos na operação Caixa d’Água, que apura um esquema de caixa dois e propinas dentro da Prefeitura de Campos durante a gestão Rosinha. A decisão, no primeiro dia do plantão judiciário e contrariando o relator, causou nova polêmica. E, no último final de semana, o nome de Mendes foi diretamente envolvido no vazamento de um áudio atribuído ao juiz Glaucenir Oliveira, responsável por decretar a prisão do ex-governador. Nele, o magistrado teria falado que conversou com pessoas do “grupo do Bolinha” e, supostamente em uma referência a decisão de Gilmar, teria disparado: “segundo os comentários que eu ouvi hoje – comentário sério, de gente lá de dentro –, é que a mala foi grande”.
Gilmar se tornou o “queridinho” da família Garotinho desde o discursos eloquente contra decisões de juízes de primeira instância no julgamento do habeas corpus que libertou o ex-governador Anthony Garotinho da prisão domiciliar em setembro. Além disso, Gilmar Mendes, que conta com a antipatia de grande parte da população por causa de decisões polêmicas de soltar presos em operações contra corrupção, como os empresários Eike Batista e Jacob Barata Filho, além do ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio (Detro), Rogério Onofre, e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo.