Suzy Monteiro
22/12/2017 09:25 - Atualizado em 26/12/2017 14:19
Um dia antes de completar um mês de prisão, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) deixou, na noite dessa quinta-feira (21), o presídio Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó em Bangu, onde estava preso desde novembro. Garotinho conseguiu Habeas corpus concedido pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, que atuava como plantonista no primeiro dia do recesso forense. Também foi solto o presidente nacional do PR, Antonio Carlos Rodrigues, também com HC de Gilmar. Durante a tarde, o juiz Ralph Manhães, responsável pelo caso, determinou prisão domiciliar a outros réus do caso, Suledil Bernardinho, Fabiano Alonso, Ney Flores e Antonio Carlos Ribeiro, o Toninho. De acordo com o magistrado, “não se mostra razoável e proporcional a manutenção dos referidos custodiados quando aquele que é apontado pelo parquet, em sua peça inaugural, como chefe da ORCRIM (Organização Criminosa) recebeu o benefício da liberdade provisória, haja vista que os demais, em conformidade com a referida peça, são cumpridos de ordem do réu Anthony William Garotinho Matheus de Oliveira, o qual chefiava todo o esquema criminoso em tela”.
Aparentando estar bem, apesar dos seis dias em greve de fome, Garotinho saiu caminhando e foi recebido pelos filhos e correligionários — em um grupo de cerca de 20 pessoas. Um dos presentes era o vereador Thiago Virgílio (PTC), aliado de primeira linha do ex-governador. Após ser recebido com festa e aplausos, mas também com alguns gritos de “ladrão”, ele fez o que queria desde 22 de novembro, quando foi preso: falou com jornalistas e atacou Sérgio Cabral.
— Tanto a operação Chequinho como esta operação (que levou o ex-governador para a prisão) são frutos de vingança política. E também de uma atitude para proteger alguém que não quer ser investigado. Este alguém será informado ao Conselho Nacional de Justiça (...) Eu não seria louco de estar denunciando essas irregularidades de Cabral, Picciani e estar fazendo a mesma coisa. É claro que isso é uma vingança. Não tenho preocupação com nenhuma dessas acusações porque elas são mentirosas — afirmou.
Garotinho teve que entregar o passaporte e não poderá deixar o país, mas está em situação melhor que a esposa, Rosinha, que foi presa na mesma operação e liberada uma semana depois pelo TRE, porém, com tornozeleira eletrônica.
Outros — Os demais presos da Caixa d’Água também estão liberados. Decisão de Gilmar Mendes beneficiou, ainda, o presidente nacional do PR, Antonio Carlos Rodrigues, e o advogado e ex-subsecretário de Governo, Thiago Godoy. Terça-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, libertou Fabiano Rosas Alonso, genro do presidente nacional do PR.
Com base nisso, o juiz Ralph Manhães, invocando o princípio da isonomia, determinou a soltura de Suledil Bernardino, Ney Flores e Antônio Carlos Ribeiro, o Toninho. Porém, ao conceder HC a Alonso, Tofolli delegou ao Juízo de primeira instância a aplicação das medidas cautelares que entendesse necessárias, para resguardar a integridade das testemunhas e a interferência indevida na condução deste processo. Assim, Ralph Manhães decretou proibição de se ausentar da Comarca onde reside o custodiado sem a prévia autorização, comparecimento a todos os atos processuais a que for intimado, proibição de contato com os demais réus ou testemunha do processo; proibição de utilização de qualquer meio eletrônico de comunicação, recolhimento domiciliar em tempo integral e monitoramento eletrônico.
Acusação de corrupção e até uso de armas
Os ex-governadores Anthony Garotinho (PR) e Rosinha Garotinho (PR) foram presos preventivamente, em 22 de novembro, no âmbito da operação Caixa d’Água, acusados de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais e até uso de armas de fogo para intimidação.
Segundo denúncia apresentada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) com base nas delações premiadas do ex-executivo da JBS, Ricardo Saud, e de empresários locais, a multinacional dos alimentos firmou contrato fictício com a empresa de serviços de informática Ocean Link para repassar R$ 3 milhões para a campanha de Garotinho ao Governo do Estado em 2014. Ele é apontado como o comandante de um esquema para cobranças de propinas na Prefeitura de Campos durante a gestão de Rosinha.
Além do casal, foram presos o ex-secretário de Controle e Orçamento de Campos, Suledil Bernardino, o advogado e ex-subsecretário de Governo, Thiago Godoy, além do empresário Ney Flores Braga e do policial civil aposentado Antônio Carlos Ribeiro da Silva, conhecido como Toninho.
O presidente nacional do PR, Antônio Carlos Rodrigues, e seu genro, Fabiano Rosas Alonso, se entregaram após uma semana foragidos.
Rosas foi o primeiro a ser solto, através de decisão do ministro Dias Toffoli, do STF. Garotinho e Antonio Carlos chegaram a pedir extensão do benefício, mas foi pelas mãos de Gilmar Mendes, no primeiro dia do recesso forense, que eles e Godoy acabaram sendo libertados.