Nomes de políticos do Norte e Noroeste Fluminense aparecerem em uma planilha apreendida pela força-tarefa da Lava Jato na casa do deputado estadual e ex-líder do governo na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Edson Albertassi (PMDB), preso na operação Cadeia Velha. De acordo com os investigadores, o documento revela como cargos políticos eram distribuídos para atender o esquema de corrupção do Governo do Rio de Janeiro. No documento, obtido em reportagem da TV Globo, os nomes dos políticos são relacionados a indicações para cargos públicos em todas as cidades do Rio de Janeiro. Entre eles, os deputados estaduais João Peixoto (PSDC), Geraldo Pudim (PMDB) e Bruno Dauaire (PR), além do ex-parlamentar Papinha (PP) e dos secretários estaduais da Casa Civil, Christino Áureo (PSD), e da Agricultura, Jair Bittencourt (PP), que possuem bases eleitorais em Macaé e Itaperuna, respectivamente.
Para os investigadores, o documento que estava num computador de Albertassi demonstra como deputados acusados de integrar uma organização criminosa que dominou o estado mantinham o controle rigoroso sobre nomeações de cargos no governo. A mesma planilha também servia para monitorar votos de aliados, interferir em leis ou investigações, segundo a força-tarefa.
De acordo com a planilha, seriam 24 vagas para indicações políticas em diferentes órgãos estaduais, como Colégio Agrícola, Detran e secretaria estadual de Segura. No documento consta que João Peixoto seria responsável por indicar sete nomes para o Detran, incluindo o diretor, e um no Centro Comunitário de Cidadania. Deste, três lugares foram efetivamente demandados.
O documento aponta também que Papinha teria uma cota de oito indicações, enquanto Pudim e o próprio Albertassi outras duas. Até o nome de Bruno Dauaire, líder da bancada de oposição do Partido da República, também apareceu na lista, com uma indicação para o Restaurante Popular.
Albertassi está preso desde o último dia 21 de novembro. Além dele, estão também na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, o ex-presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani, e outro peemedebista, Paulo Melo. Todos os políticos influentes no estado e compunham a alta cúpula da Casa legislativa.
O Ministério Público Federal (MPF) detalhou que continham no documento 880 vagas de seis órgãos públicos estaduais. São 16 páginas que relacionam nomes de políticos que pediram determinados cargos, quem ocupou a vaga e onde. Os registros apreendidos datam de 2015.
Em nota, Bruno Dauaire disse que “não tem e nem nunca teve nomeação no governo estadual, ao qual faz oposição desde o início do seu mandato”.
Papinha também negou irregularidades e disse que “não indiquei ninguém, embora essa seja uma prática comum nos governos. Não sei porque os nomes estavam nesta lista”.
Christino Áureo negou as denúncias. Pudim, Bittencourt e Peixoto não foram localizados.
O Governo do Rio informou que não tem conhecimento da planilha e que o preenchimento das vagas segue critérios técnicos e de confiança dos gestores. (A.S.) (A.N.)