Propinas com 13º e até 14º. Foi o que revelou em depoimento na 7ª Vara Criminal Federal do Rio, Carlos Miranda, apontado pela Operação Lava Jato como gerente do esquema de propinas da organização criminosa comandada pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB). Ele detalhou os valores dos pagamentos que ele e os ex-secretários Wilson Carlos e Régis Fichtner recebiam.
Miranda afirmou que o esquema de propina funcionou até 2016, às vésperas da prisão de Cabral.
- Tirávamos cerca de R$ 150 mil por mês. Também havia prêmios no fim do ano, como uma espécie de 13º ou 14º salários. Tudo era pago em dinheiro - completou Miranda.
Segundo ele, a organização era controlada por Cabral. Já Wilson Carlos era o responsável pelos contatos com as empresas, e Fichtner cuidava do andamento do esquema dentro da estrutura do governo. Questionado se saberia dizer quanto a organização teria movimentado, Miranda estimou que os valores se aproximariam de meio bilhão de reais, desde a década de 90.
No entanto, o delator foi, em seguida, rebatido por um procurador. O representante do MPF ressaltou que, apenas no exterior, a Lava Jato encontrou R$ 300 milhões que seriam da quadrilha. Miranda assentiu e explicou que era apenas uma estimativa.
Toda a movimentação do pagamento de propina era registrada, segundo ele, em uma planilha que permanecia em poder de Miranda. Esta era dividida em duas partes armazenadas no e-mail de Miranda, e as senhas eram trocadas com frequência. (S.M.) (A.N.)