Em Campos, Lula diz que povo do RJ foi traído
Aldir Sales 05/12/2017 18:47 - Atualizado em 10/12/2017 15:50
Depois de 28 anos sem visitar Campos em um compromisso de campanha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou para cerca de 2 mil pessoas, entre apoiadores e um grupo de aproximadamente 300 opositores durante o primeiro ato da Caravana Lula Pelo Brasil no estado do Rio de Janeiro, na noite desta terça-feira (5), na Praça do Liceu. Sem citar nomes, Lula criticou os governantes estaduais e afirmou que “o povo do Rio foi traído por alguns políticos que, ao invés de governar, roubaram o estado”. O petista ainda disse que quem “roubou a Petrobras” deve ser preso. Lula segue hoje a sua agenda na planície goitacá. A partir das 8h está prevista uma entrevista exclusiva para a Rádio Continental AM 1270 MHz, do Grupo Folha. Na sequência, o ex-presidente se encontra com reitores de universidades locais na sede do Instituto Federal Fluminense (IFF).
Nas últimas semanas existia um temor de dirigentes do PT de que a imagem de Lula fosse associada aos ex-governadores Sérgio Cabral (PMDB) e Anthony Garotinho (PR), presos por suspeita de corrupção. No dia 30 de novembro, pessoas ligadas ao partido revelaram ao Estadão que alguns diretores sugeriram o cancelamento da passagem da caravana pelo Rio de Janeiro, o que foi negado pelo coordenador do evento, Márcio Macedo. Durante o discurso, Lula foi duro ao falar da crise financeira enfrentada pelo estado do Rio. “O povo do Rio de Janeiro é extraordinário. Como é que esse povo foi tão traído por alguns políticos que, ao invés de governar, roubaram esse estado e a confiança de vocês”.
Os últimos quatro políticos eleitos ao governo do Rio foram aliados do petista. Além do atual governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), citado por delatores na operação Lava Jato, também ocuparam o Palácio Guanabara os ex-governadores Sérgio Cabral, Rosinha Garotinho (PR) e Anthony Garotinho. O campista já alternou momentos de apoio e de desavenças com Lula durante sua trajetória política, enquanto Cabral foi um dos grandes aliados do petista durante o período em que o partido esteve à frente do Planalto e, inclusive, foi cogitado para ser vice de Dilma Rousseff (PT) em 2010.
Em outro momento, o ex-presidente criticou os esquemas de corrupção na Petrobras. “Ah, tem gente que roubou na Petrobras, bote na cadeia quem roubou. Tem empresário que fez corrupção, que prenda o empresário, mas não quebre a empresa. Tem gente que precisa trabalhar”, disse sem citar nomes novamente. Lula ainda citou a regulamentação da mídia como um dos compromissos de campanha, mas especificou como isso afetaria os meios de comunicação. (A.S.)
  • Caravana Lula pelo Brasil (Foto: Aldir Sales)

    Caravana Lula pelo Brasil (Foto: Aldir Sales)

  • Caravana Lula pelo Brasil (Foto: Aldir Sales)

    Caravana Lula pelo Brasil (Foto: Aldir Sales)

  • Caravana Lula pelo Brasil (Foto: Aldir Sales)

    Caravana Lula pelo Brasil (Foto: Aldir Sales)

  • Caravana Lula pelo Brasil (Foto: Aldir Sales)

    Caravana Lula pelo Brasil (Foto: Aldir Sales)

  • Caravana Lula pelo Brasil (Foto: Aldir Sales)

    Caravana Lula pelo Brasil (Foto: Aldir Sales)

  • Grupo pró-Bolsonaro (Foto: Aldir Sales)

    Grupo pró-Bolsonaro (Foto: Aldir Sales)

  • Caravana Lula pelo Brasil (Foto: Aldir Sales)

    Caravana Lula pelo Brasil (Foto: Aldir Sales)

Manifestações favoráveis e contrárias ao ato na praça
Entre militantes políticos e curiosos, a caravana atraiu públicos distintos. A estudante Caren Barcelos, de 20 anos, disse que Lula seria a melhor opção entre os nomes colocados para 2018. “Ele pelo menos pensa nos trabalhadores, ao contrário de Bolsonaro, que é machista e homofóbico”, declarou.
Já o estudante Luiz Felipe Barroso, de 19 anos, um dos membros do grupo Bolsonaro Campos, o candidato atualmente do PSC representa uma mudança. “Nosso grupo abrange quem é oposição a Lula. Eles inventam muito sobre o Bolsonaro, mas hoje mostramos nossa força”, afirmou.
Por fim, o engenheiro Eric Mendes, de 25 anos, contou que não tem envolvimento político com nenhum dos dois lados e disparou: “acho que esse evento não tem importância nenhuma. É populismo de um lado e fascismo do outro. A crise econômica sempre gera essas situações de extremismos”.
Grupos rivais se provocaram
Os organizadores do evento disseram que cerca de 4 mil pessoas estiveram no ato, mas a Polícia Militar não fez uma estimativa de público. Entre os presentes esteve um grupo de apoio ao também pré-candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSC). Os manifestantes se reuniram em frente à Câmara Municipal. Com faixas e palavras de ordem, eles protestaram contra a visita de Lula e pediram que Bolsonaro coloque Campos em sua agenda de viagens. Os dois grupos chegaram a se provocar com insultos, mas a PM formou um cordão de isolamento na avenida Alberto Torres para evitar confrontos.
Em uma clara referência a Bolsonaro, o ex-presidente cutucou o adversário. “Tem candidato que quer fazer mais cadeias, mas eu prefiro mesmo é construir universidades”, afirmou.
Nilo Peçanha como referência à Educação
Condenado a 9 anos e seis meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro por corrupção passiva e de lavagem de dinheiro, mas líder em todas as pesquisas eleitorais, Lula esteve em Campos pela terceira vez. A primeira foi durante a campanha presidencial de 1989 e a última aconteceu em 2007, durante a inauguração do campus Guarus do IFF. Além disso, o petista também passou pela região em outras oportunidades, inclusive durante as obras de construção do Porto do Açu, em 2013.
Durante seu discurso, o ex-presidente falou insistentemente em investir em Educação e lembrou de uma personalidade campista que ocupou o mesmo cargo: Nilo Peçanha. “Estou na terra daquele que criou a primeira escola técnica do Brasil em 1909. Em 12 anos, fizemos mais de 500 pelo país”.
A escola técnica a qual Lula fez referência é a Escola de Aprendizes e Artífices, que hoje é o Instituto Federal Fluminense.

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