A segunda semana de prisões resultantes da operação Caixa d’água, que investiga doações ilegais para campanha do ex-governador Anthony Garotinho e extorsão a empresários, entre outros crimes, foi de muita falação e apenas um resultado favorável: o Habeas corpus (HC) concedido pelo plenário do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) à ex-governadora Rosinha Garotinho. Ela saiu, mas continuaram na cadeia José Frederico Marques, em Benfica, Zona Norte do Rio, o ex-secretário municipal de Controle, Suledil Bernardino, o advogado e ex-subsecretário de Governo Thiago Godoy, o empresário campista Ney Flores, o ex-ministro dos Transportes no governo Dilma e presidente nacional do PR - afastado por decisão da Justiça - Antonio Carlos Rodrigues e o policial civil aposentado Antonio Carlos Ribeiro da Silva, conhecido como Toninho, que seria o braço armado da organização criminosa, de acordo com denúncia do Ministério Público Eleitoral (MPE) e Inquérito da Polícia Federal (PF). Também continuam presos o genro Fabiano Alonso, mas na carceragem da Polícia Federal em São Paulo, e o ex-governador Anthony Garotinho, em Bangu 8.

Domingo da semana passada, o programa Fantástico, da rede Globo, mostrou os três ex-governadores do Rio, que chegaram a ficar presos simultaneamente em Benfica - Sérgio Cabral, já condenado na Lava Jato, Rosinha e Garotinho.

O programa mostrou uma inspeção do Ministério Público Estadual (MPE) no local. Rosinha apareceu dividindo a cela com a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo. Na terça-feira, dia 28, o colunista de O Globo, Ancelmo Gois, revelou que a ex-governadora passava os dias deitada, com um lençol branco e sem comer.

No dia seguinte, a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) divulgou nota afirmando que emitiu parecer pela liberdade de Rosinha e manutenção da prisão de Garotinho. O parecer seria analisado na sessão daquela quarta-feira no plenário do TRE.

A relatora Cristiane Frota chegou a se manifestar pela manutenção da prisão de Rosinha, mas reviu seu voto. Por unanimidade, o plenário seguiu o entendimento da PRE, liberando Rosinha cumprindo medidas restritivas como uso de tornozeleira e recolhimento noturno e aos finais de semana. Rosinha saiu da cadeia na madrugada de quinta-feira, com aparência abatida e carregando um ventilador. Foi recebida pelo advogado Carlos Azeredo e pelos filhos Clarissa e Wladimir. (S.M.)

O juiz Ralph Manhães chegou a determinar que ela cumprisse as medidas em Campos, mas o TRE atendeu pedido da defesa para que ela fique no Rio.

Os Habeas corpus (HC) do ex-ministro dos Transportes Antonio Carlos Rodrigues e do advogado Thiago Godoy estão previstos para julgamento nesta segunda-feira no TRE. Embora não constem da pauta, eles deverão entrar “em mesa”.

Antônio Carlos chegou a ficar foragido por quatro dias, até entregar-se à PF dia 28.

Os dois investigados pela operação Caixa d’água já tiveram liminar de HCs negados no TRE, impetraram HCs junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas o ministro Jorge Mussi, relator do caso, afirmou que aguardará resultado do órgão regional para decidir.

Acusado como líder do esquema criminoso da Caixa d’água, segundo MPE e PF, Anthony Garotinho estava em uma cela isolada da Cadeia Pública em Benfica, na Zona Norte e afirma ter sido agredido na primeira madrugada que passou no lugar. Ele chegou a ser levado para a 21a Delegacia de Polícia para prestar depoimento. Depois, foi transferido para Bangu, onde está em uma cela isolada e monitorada por câmeras 24 horas.

Na última sexta-feira, Garotinho afirmou, em novo depoimento à Polícia Civil fluminense, que recebeu um bilhete no presídio de Benfica – onde chegou a ficar detido inicialmente – com um aviso de que presos de lá estariam tramando algo contra ele.

Garotinho foi ouvido por agentes após pedido da defesa dele ser autorizado pela Justiça. O ex-governador alegou iria contar “fatos novos” sobre a lesão que disse ter sofrido em Benfica.

Na versão de Garotinho, durante a noite, alguém invadiu a sua cela na cadeia de Benfica e o agrediu com um taco de baseball. Imagens do circuito interno mostram ninguém entrando na cela e agentes penitenciários dizem que seria “quase impossível” a invasão. Laudo do exame corpo de delito comprovaram as lesões no joelho e pé, mas não a agressão.

O novo depoimento foi curto. Ainda que tenha dito que teria fatos novos a revelar, Garotinho disse que recebeu um bilhete, mas se negou a fornecer o conteúdo.

de um suposto bilhete que disse ter recebido.

A mensagem, segundo ele, seria um “aviso” que ele recebeu em Benfica.