Todos os anos, neste período, as barras das lagoas de Grussaí e também do Açu são abertas, contrariando os ambientalistas que acreditam que as barras causam grandes problemas ambientais para o município de São João da Barra. A abertura realizada por pescadores é considerada ilegal. Autoridades ligadas a Prefeitura estão correndo contra o tempo para fechar a barra e salvar os peixes.

Para o ambientalista Aristides Soffiati, a barra foi aberta não só para que os peixes pudessem entrar, mas também por causa do esgoto que nela é despejado provocando danos ambientais elevados. “Com a abertura da barra de Grussaí acontece, de cara, o choque salino e o térmico porque as águas das lagoas ficam aprisionadas por muito tempo e ela adquiriu uma temperatura e salinidade diferente do mar. Quando a barra é aberta, as duas águas se encontram e o choque térmico é fatal para os peixes, tanto as da água doce quanto as da salgada. Em Grussaí houve muitos peixes mortos, mas no Açu não tenho conhecimento. Outro fator que faz com que os pescadores abram a barra é para que o esgoto que é jogado nela saia e seja levado pelo mar. Isso também é um dano muito sério as pessoas que frequentam o balneário. Para abrir a barra é necessário fazer um estudo técnico para saber se pode ou não ser aberta. Dois técnicos da Uenf haviam dito que não era recomendável abrir as barras nessa época, que era para esperar, mas isso não aconteceu”, declarou Soffiati.

Na Lagoa do Açu não foi diferente. Lá os pescadores também abriram a barra sem autorização dos órgãos ambientais. O chefe Parque Estadual Lagoa do Açu (Pelag), Heron Zanellato, informou que os pescadores erraram em abrir a barra num período de defeso. “Fizemos reuniões para explicar essa situação de forma transparente, mas sempre tem alguns que não entendem. Essa é a terceira vez que isso acontece e já passou a ser desacato a autoridade. Vamos o mais tardar amanhã (hoje), fechar a barra e ela será fiscalizada porque estamos no defeso, período em que peixes estão se reproduzindo. Nada pode ser feito sem um estudo técnico, que foi feito e aprovado pelos pescadores. Quero deixar bem claro que nem a gestão do parque, nem o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), foi contra a abertura da barra do Açu. Queremos abrir sem criar problemas futuros. A gente pensa sim no grupo que precisa da Lagoa e vive do que eles retiram dela”, informou.