Futuro aluno da FMC busca apoio
Matheus Berriel 23/12/2017 18:21 - Atualizado em 26/12/2017 14:10
Antônio Leudo
Dedicação, apoio das pessoas que ama e solidariedade da população campista é tudo o que Cristhian Herald Amaral Meireles Damasceno, de 20 anos, precisa para correr atrás do sonho de ser médico. Classificado em 32º lugar na Faculdade de Medicina de Campos (FMC), o jovem, de família humilde, está vendendo doces em frente à agência do Banco do Brasil, na Pelinca, para conseguir pagar a matrícula, no valor de R$ 7.802,53. O tempo é curto, no máximo até o dia 8 de janeiro, mas a expectativa é a melhor possível.
Ex-aluno do Instituto Federal Fluminense (IFF), onde cursava, em tempo integral, o ensino médio e o técnico em automação industrial, Cristhian mora com os pais, na casa da avó. Sua mãe não trabalha fora, pois cuida da casa, enquanto o pai, caldeireiro, usa o dinheiro que para arcar com os gastos da família. Como passava praticamente o dia todo estudando para ser aprovado no vestibular, o jovem não tinha tempo para trabalhar. Portanto, não possui renda própria.
— A ideia partiu da minha avó. A princípio, a gente não tinha o que fazer, eu não conseguiria o dinheiro suficiente, porque, para a gente, é muita coisa. Minha avó lembrou que minha mãe sabe fazer doce e disse para a gente vender. Fomos comprar tudo e fizemos os doces — contou.
Em menos de uma semana, Cristhian já havia conseguido cerca de R$ 4 mil. Muitas pessoas, conhecidas ou não, inclusive, deparam-se com ele na rua e contribuem simplesmente por se solidarizarem com a situação. “Eu tenho me surpreendido bastante. Confesso que vim meio descrente. Vejo tanta gente tentando vender as coisas e não conseguir nada, porque as pessoas passam direto, muitas vezes nem dão atenção. Mas eu tenho sido muito bem recebido, tenho sido muito ajudado”, destacou.
Um dos fatores mais importantes para o futuro calouro de medicina é o apoio da namorada. A estudante de Letras, Marcele Mesquita, tem ajudado nas vendas. Em alguns momentos, enquanto ela fica na mesa de doces, ele usa a experiência adquirida nos cinco anos anos em que fez parte da ONG Orquestrando a Vida e toca violino para atrair compradores e/ou doadores. “Achei uma iniciativa ótima, entramos nisso juntos. A ideia inicial foi de ele tocar, mas surgiu a ideia do doce e está dando certo. Ele sabe que tem meu apoio, a gente está construindo o futuro”, afirma Marcele.
Quem quiser colaborar com Cristhian, pode encontrá-lo, na Pelinca, de segunda a quinta, de 9h às 21h; sextas, de 9h às 18h; e sábados, de 19h30 às 22h. Há ainda a opção de ajudar através de depósito em conta no Banco do Brasil, no nome de Cristhian. Os números da agência e da conta são 0005-1 e 92.324-9, respectivamente.
Outra campanha também ganhou destaque
Recentemente, o estudante Miguel Ribeiro Almeida, que completou 20 anos no último dia 15, passou por situação parecida. Cursando o 6º período de Medicina na FMC, ele perdeu a bolsa integral que o mantinha no curso e ficou com uma dívida de R$ 32 mil. Para quitá-la, iniciou uma vaquinha virtual, encerrada justamente na data do seu aniversário. Através desta iniciativa, conseguiu R$ 5.305,00. Miguel também disponibilizou dados de sua conta bancária na internet e obteve cerca de R$ 15 mil, totalizando mais de R$ 20 mil em doações.
No dia 18, o estudante usou seu perfil no facebook para comentar a ajuda recebida. “Quando isso tudo começou, eu esperava que fosse nada além de 1/10 do valor que eu precisava. Afinal de contas, todos têm seus problemas, suas contas a pagar, seus filhos para criar e educar. Foi um tiro no escuro, para, quem sabe, me ajudar a resolver pelo menos uma parte desse problemão. Hoje, três dias depois do meu aniversário, eu estou comemorando o fato de ter conseguido alcançar um valor muito próximo do necessário para eu me rematricular na faculdade. Foi a melhor comemoração de aniversário que tive”, escreveu.
O saldo da campanha, muito mais que o dinheiro recebido, foi a lição de que os bons ainda são maioria. “Digo que esse fim de ano é um começo porque, depois disso tudo, eu me sinto outra pessoa. Aprendi muita coisa. Vi, ouvi e li muita coisa boa. Muitos sorrisos verdadeiros. Muita coisa que eu não estou acostumado a lidar. Pessoas brilhando de alegria, pessoas que não conheço me chamando pelo nome e dando forças é uma coisa que não tem valor”, enfatizou Miguel.

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