Paula Vigneron
04/12/2017 13:52 - Atualizado em 05/12/2017 13:32
Mais de 100 moradores da localidade de Três Vendas, em Campos, fecharam a BR 356 na manhã desta segunda-feira (4), devido à paralisação da Rogil, que completa dez dias. O protesto durou cerca de 10 horas. Já durante à tarde, de acordo com a Polícia Militar, uma equipe da PM foi solicitada em Rio Preto para um novo protesto que acabou com um ônibus da empresa Rogil apedrejado por moradores. Os funcionários da empresa, que atende essas duas localidades, paralisaram as atividades no último dia 24. Eles estão com salários atrasados e sem previsão de recebimento e de retorno. Com o impasse, os manifestantes enfrentam dificuldades para chegarem à área central do município e pedem que outra firma de ônibus faça a linha até a localidade.
Parte da população de Três Vendas se reuniu na BR 356 por volta das 9h. Eles fecharam a rodovia e colocaram fogo em galhos, com o objetivo de atrair a atenção das autoridades para as necessidades. Moradora da região, a técnica de enfermagem Rosane Ferreira Soares, de 44 anos, contou que muitos vizinhos estão perdendo emprego e passando fome por não terem meio de transporte adequado até o trabalho. Por ora, eles necessitam de carros de lotada — que, às vezes, são apreendidos — ou de ônibus intermunicipais que possam conduzi-los até o Centro da cidade:
— Estamos há três semanas sem ônibus. A (empresa) Brasil, quando para, cobra R$ 5,50, que é um preço absurdo, já que Três Vendas pertence a Campos. Os estudantes estão tendo que pagar passagem. Nós não estamos querendo mais a Rogil. Queremos outra empresa que assuma o compromisso com a população. Os funcionários estão há meses sem pagamento. Não é justa, com eles, essa situação, mas também não é com a gente. Tem muita gente perdendo emprego. E as pessoas estão pagando passagem a algumas pessoas que moram aqui e extorquem os moradores, cobrando R$ 5. O povo está sem solução.
Protesto em Três Vendas
Protesto em Três Vendas
Protesto em Três Vendas
Protesto em Três Vendas
A técnica destacou, também, que moradores desempregados não estão sendo admitidos em postos de trabalho porque as empresas conhecem a realidade da dificuldade para conseguir transporte na localidade.
— Eu sou uma dessas pessoas. A empresa quer me contratar, mas não quer me assumir, por enquanto, por causa do gasto de passagem. Há outras pessoas, da mesma empresa, que moram aqui. Então, está saindo por R$ 11 a passagem. Está pesado para todo mundo. Tem gente desempregada, com armários vazios. E quem está conseguindo perde a oportunidade por não conseguir ir para Campos. Nós queríamos, também, o direito de ter van. A empresa não aceita. Queremos só nosso direito de trabalhar com dignidade, de os alunos terminarem os estudos — lamentou Rosane.
Na situação do coletivo depredado, o comandante da Polícia Militar, tenente coronel Fabiano Souza, informou que a equipe foi solicitada na parte da tarde e que por volta das 19h se deslocou para o local.
Em nota, o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) informou que “o órgão continua cobrando, no mínimo, a retomada de 30% da frota da Rogil. Solicitações vêm sendo feitas a outros consórcios para cobertura de algumas linhas do interior do município. Na área urbana, os bairros vêm sendo atendidos pelo transporte alternativo legalizado (vans). Algumas linhas na região de Dores de Macabu, Serrinha, Ibitioca, Caxeta e Pernambuca não foram afetadas. Medidas já estão sendo tomadas junto à Procuradoria Geral do Município e à Secretaria da Transparência e Controle".