"Não existe receita no futebol"
Paulo Renato Pinto Porto 16/12/2017 17:17 - Atualizado em 20/12/2017 16:29
Ricardo Barreto
Ricardo Barreto / Foto: Rodrigo Silveira
Para montar a equipe que alcançou a Série A do Campeonato Estadual neste ano, o Goytacaz foi ao mercado em busca de um profissional com um histórico de conquistas e de larga experiência no futebol, que conhece como poucos os atalhos da “Segundona” do Rio, onde acumula nada menos do que seis acessos, além de títulos como a Taça Tereza Herrera, pelo Botafogo, em 1996, numa final contra a Juventus de Turim, em La Coruña, na Espanha. Naquele mesmo ano, comandou também o Alvinegro carioca na Taça Libertadores. Um dos artífices do vitorioso projeto alvianil em 2017, o gerente de futebol Ricardo Barreto, 60 anos, admite que não há “receita de bolo” pronta no futebol. O segredo para o sucesso pode ser repetido na Seletiva da Série A.
Folha da Manhã - Como você veio parar no Goytacaz? O que o fez aceitar o convite?
Ricardo Barreto - Já tenho ligação com o presidente Dartagnan Fernandes, que me falou sobre a contratação do Paulo Henrique, um treinador experiente, aberto ao diálogo e que ouve a todos, além do projeto que visa levar o Goytacaz a retomar seu espaço no futebol carioca e brasileiro. O presidente tem um projeto ambicioso, de levar o clube à divisão principal do Campeonato Brasileiro, onde já esteve, inclusive com o próprio Paulo Henrique. Então, achei o projeto interessante e estamos aqui para ajudar, esperando que essa imensa torcida tenha outras alegrias nesta primeira fase da Série A.
Folha - São dois desafios. Um já foi superado, com a conquista do acesso, mas a verdadeira Série A é logo ali. Porém, há uma seletiva no meio do caminho...
Ricardo - Esse é outro objetivo que precisamos atingir. A nossa alegria e a de nossa torcida só será completa se passarmos por essa disputa para estarmos junto às grandes forças do futebol carioca. É um torneio difícil, de tiro curto. Não podemos errar. Qualquer erro pode ser fatal.
Folha - Qual o segredo para se montar um grupo exitoso no futebol como foi esse do Goytacaz?
Ricardo - Não existe uma receita de bolo pronta no futebol. Se fosse assim, bastaria que qualquer um comprasse a receita. Ficaria com um bonito bolo de chocolate e teria a chave do sucesso. O segredo é reunir pessoas com conhecimento de futebol, profissionais gabaritados, um grupo de jogadores comprometidos em atingir os objetivos, além de qualificados tecnicamente. É a diretoria, comissão técnica e os jogadores falando a mesma língua.
Folha - Qual o perfil desse grupo, as suas maiores virtudes?
Ricardo - O perfil traçado foi uma equipe determinada e com personalidade. Fizemos ver aos atletas a importância da responsabilidade que eles têm em defender um clube de massa, com uma torcida exigente, e que estejam preparados para isso, sob pena de não conseguirem render. Então, eles entraram psicologicamente preparados, cientes de que tinham tudo para entrar para a história do clube, como fizeram.
Folha - Como é a sensação de jogar ou trabalhar no Goytacaz, onde a torcida é exigente, assiste a treinos, participa, opina, mas também critica quando se encontra com o profissional ali na esquina? O grupo tem essa noção de responsabilidade junto a essa comunidade?
Ricardo – Aqui a gente vive futebol 24 horas por dia. A gente tem esse contato com o torcedor a todo instante. É no treino, no jogo, no prédio onde você mora, na esquina, como você bem disse... Isso tem um lado bom para nós, porque a gente percebe o carinho do torcedor, o reconhecimento do trabalho. Para o jogador, é preciso que esteja bem preparado. Tem jogador que às vezes consegue render num Bonsucesso, num São Cristóvão, mas, quando chega aqui, encontra uma pressão grande, até da torcida. Se não estiver preparado psicologicamente, determinado, frio, acaba se perdendo, como já aconteceu com muitos. Então, nos preocupamos em trazer jogadores com um “know-how” de terem jogado em times onde existe pressão da torcida.
Folha - Você tem no currículo a conquista da Taça Tereza Herrera, como técnico do Botafogo, em 1996. Esse foi o ponto alto da sua carreira?
Ricardo – Foi um deles. Trata-se de um torneio importante e tradicional conquistado pelo Botafogo e que tenho no meu currículo. Mas, tenho outros feitos, como seis acessos na Segundona do Rio, pelo Entrerriense, América de Três Rios, Resende, Barra Mansa, Bonsucesso e, agora, no Goytacaz. Fui campeão estadual também, dirigindo o Ceará (do Ceará) e o Paysandu (do Pará), que são também clubes de massa em seus estados.
Folha - Você já jogou futebol antes de ser técnico e treinador...
Ricardo – Joguei, como lateral direito. Era simplesmente Barreto. Atuei no América, Serrano, Rubro (Araruama). Depois, fui treinador do Botafogo, América, do próprio Goytacaz, Americano, Volta Redonda, Bangu, Ipatinga, Ceará, Paysandu e Moto Clube, entre outros.
Folha – Só recentemente, você vive essa experiência como coordenador ou gerente de futebol. Admite voltar a ser técnico?
Ricardo – Só vim ser gerente aqui, mas fui coordenador de futebol no Resende. Tudo na vida ou no futebol é momento. Estou bem nesta função, gosto do que faço, mas sou profissional. Depende do momento.
Folha - Por fim, como avalia o estado de ânimo para a Seletiva?
Ricardo – Não poderia ser melhor. Como eu disse, a união tem sido o ponto forte desse grupo. Os jogadores que chegaram estão se entrosando com o restante do grupo, Será uma disputa difícil, mas estamos preparados, psicologicamente, tecnicamente, fisicamente, para o que vier. O nosso projeto aqui no Goytacaz passa por esses cinco jogos.

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