Jhonattan Reis
22/12/2017 19:12 - Atualizado em 26/12/2017 15:02
Quem cruza com o olhar singelo de João Carlos Assis Brasil e não o conhece, não imagina a relevância dele para a música brasileira e até para a mundial. Pianista desde os três anos de idade, João Carlos, hoje com 72 anos, não acredita muito em “dom”. Como ele diz, levar alegria para as pessoas através da música é “missão”, sua missão de vida. O pianista, que já tocou em todas as partes do Brasil e em diversos países, e já acompanhou grandes nomes da música brasileira — como Maria Bethânia, Ney Matogrosso e Zizi Possi —, está em Campos esta semana. Ele se apresenta neste sábado (23), às 19h30, num recital especial de Natal no Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, o convento do Parque Rosário, localizado na avenida Santo Afonso, 208. A entrada é gratuita.
João Carlos Assis Brasil já esteve em Campos diversas vezes. Ele mesmo já perdeu as contas.
— Da primeira vez, faz mais de 20 anos. Já nem lembro ao certo. Fiquei muitos anos sem passar pela cidade. Porém, nos últimos anos eu tenho vindo constantemente para várias atividades, como concerto no Trianon e participação no show de Juan Gorrín (cantor venezuelano) — disse ele, que traz, hoje, um repertório dedicado ao Natal.
João Carlos conta que descobriu o amor pelo piano aos três anos de idade, quando ganhou um piano de brinquedo de seus pais, que não eram músicos, mas apreciadores do jazz e da música clássica. E o pianista não é o único na família que dedicou a vida à música. Seu irmão gêmeo, Victor Assis Brasil (1945-1981), se transformou em um dos maiores saxofonistas do Brasil e deixou quase 300 músicas.
Diferente de Victor, autodidata — e descoberto aos 16 anos pelo maestro, compositor, arranjador, saxofonista e clarinetista brasileiro Paulo Moura (1932-2010) —, João Carlos aperfeiçoou sua técnica em conservatórios desde criança, tendo aulas no Brasil com diversos professores, como o renomado pianista Jacques Klein (1930-1982), e no exterior. Ele ainda ganhou vários prêmios ao redor do mundo e também dedica sua vida a ensinar o instrumento que mudou sua vida, além, claro, de compor.
Segundo o produtor cultural de João Carlos, o campista Cristiano Simões, o pianista tem mais de 50 CDs gravados. E Cristiano, de admirador virou produtor, conta ele.
— Conheci João quando trabalhava no (Teatro Municipal) Trianon e teve um concerto dele lá. Na ocasião, tive a oportunidade de conversar com ele. Então, acabamos virando amigos. Há dois anos, comecei a produzi-lo. Ou seja, virei fã e depois amigo.
João Carlos está hospedado na casa de Cristiano. E o campista tem passado os dias ouvindo os sons tocados pelas mãos do pianista.
— Ele toca cerca de quatro horas por dia, em todos os dias em que esteve na minha casa — contou, aos risos.
Além dos mais 50 CDs gravados, Assis Brasil resolveu também gravar um CD de jazz cantando. Foi em janeiro deste ano, em Campos.
— Tive várias ideias de músicas com letras. E eu já pensava em gravar algo cantando. Então, por que não? Liguei para Cristiano, falei com ele da ideia e ele gostou. Também me disse que tinha um estúdio muito bom em Campos e que pensou em gravar aqui. Então eu vim e gravei. Ficou ótimo. É um piano e voz. Bom é que não precisei contratar um pianista para me acompanhar — brincou. — Seja com a voz ou com piano, meu espírito é um só. O importante é viver profundamente, seja com as palavras, seja com as teclas.