Crítica de cinema - O quase último Lucas
- Atualizado em 18/12/2017 18:50
Divulgação
(Star Wars – Os últimos Jedi) -
Já se comentou que “Os últimos Jedi” é a cara de George Lucas. Embora a direção tenha ficado com Rian Johnson e o roteiro escrito por ele mesmo, os personagens são de George Lucas e o próprio assessorou a equipe que realizou o filme. A produção se apoia em três pilares espaciais: o planeta em que se concentram os rebeldes contrários ao império, a ilha em que o velho Luke Skywalker (Mark Hamill) se refugia e um planeta bem típico de Lucas, reunindo bandidos, patifes, vigaristas, viciados e bichos estranhos das galáxias. No meu entendimento, o melhor Lucas está nessa espécie de ilha do Caribe no tempo dos piratas e corsários. O capitalismo triunfou na Terra e fora dela. Nesse planeta, ele se apresenta na sua feição mais truculenta. Entre os homens do império, o desejo de poder domina. Entre os rebeldes, a resistência à tirania chama a atenção.
O planeta dos rebeldes se encontra presentemente cercado pelas meganaves do império. Na verdade, os revoltosos, desde o primeiro filme da série, estão tentando furar o cerco dos poderosos. Suas vitórias são sempre provisórias. As grandes naves do imperador viajam a velocidades mais rápidas que a da luz e aparecem no local da batalha assim do nada. A general Leia (Carrie Fisher em seu último papel) comanda a resistência. Em outra frente, a jovem Jedi Ray (Daisy Ridley) tenta convencer Luke a deixar a ilha da fantasia em que vive para ajudar os rebeldes. Finalmente, no planeta dos finórios, alguns soldados da resistência buscam um especialista em decodificação (hacker) para invadir os segredos do império. Encontram um que topa tudo por dinheiro.
Ninguém apresenta padrão de beleza. Nem mulheres nem homens. Parece que o contato com criaturas estranhas realça tipos físicos normais. Entre os homens do império, há conspiração para derrubar o grande chefe. Entre os rebeldes, há motins de guerreiros que não se conformam com a prudência dos chefes, geralmente mulheres experientes. Negros, orientais, brancos, mulheres, criaturas não humanas e androides convivem bem. A inteligência artificial não é mais importante que as faculdades mentais humanas. Há poderes parapsicológicos entre as pessoas. Mais que parapsicológicos, são metafísicos.
Embora com a assessoria de Lucas, certas características permitem concluir que não é ele quem está atrás das câmaras. A tecnologia cinematográfica desenvolveu-se muito desde o início da série, em tempos heroicos. Mas o filme se revela prolixo em sua trama. A luta entre a resistência e o império é bastante barroca. As questões existenciais de Luke na sua ilha-refúgio cansam um pouco. E o filme é longo demais. Algo de que Lucas não gostava. Pelos que restaram da arrasadora guerra, tudo indica que vem aí um novo filme. Séries muito prolongadas cansam. Lucas não gosta disso.

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