Pezão e Hartung no Porto do Açu por ferrovia entre Rio de Janeiro e Espírito Santo
A criação de uma ligação ferroviária entre as capitais do Rio de Janeiro e Espírito Santo, com objetivo de interligar os principais terminais portuários privados ao longo da costa, levou, nessa quarta-feira, os governadores Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Paulo Hartung (PMDB) ao Porto do Açu, em São João da Barra. Na ocasião, foi celebrada uma parceria para o desenvolvimento do projeto. Pezão, Hartung e o presidente da Prumo Logística, José Magela, assinaram uma carta, endereçada ao presidente Michel Temer (PMDB), para que a EF 118, a ferrovia entre os dois estados, seja incorporada ao Programa de Parcerias de Investimento (PPI) do Governo Federal, ainda no primeiro semestre de 2018. Uma reunião com Temer foi agendada para a próxima terça, quando os governadores apresentarão o documento pessoalmente. Na visita, Pezão foi questionado sobre a retomada das obras da ponte da Integração, que ligará o município a São Francisco de Itabapoana. Ele afirmou que a construção será retomada ainda este ano e concluída antes do fim do seu governo.
Autorizada pelo governo federal ainda em 2015, como parte do Programa de Infraestrutura e Logística (PIL), lançado pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff, a construção da linha férrea tem orçamento inicialmente previsto de R$ 5,5 bilhões e a concessão será por meio de Parceria Público Privadas (PPP).
Os prefeitos de SJB, Carla Machado (PP); de Campos, Rafael Diniz (PPS), e de SFI, Francimara Barbosa Lemos (PSB), além de vereadores e membros das administrações municipais e dos Estados do RJ e ES, os deputados estaduais Bruno Dauaire (PR) e João Peixoto (PSDC), e o deputado federal Júlio Lopes (PP) também estiveram no Açu.
Carla Machado afirmou que a concretização da ferrovia será fundamental para o desenvolvimento da região, destacando, ainda, o potencial do Açu para todo país.
— Com certeza, a região Norte Fluminense, que detém um dos menores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do país, logo estará promovendo o desenvolvimento da nossa nação. O futuro é aqui em SJB, no norte do Estado. É uma série de coisas que vem acontecendo e a gente sabe o quanto tem sido importante o Porto do Açu na questão da infraestrutura do país. Temos toda uma área considerada industrial, investidores chegando — destacou a prefeita, citando ainda próximos passos ligados ao Porto, como o hub de gás natural, termoelétrica, corredor logístico e a criação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
Governador do Rio, Pezão ligou para Temer enquanto estava no Açu e o presidente agendou uma reunião para terça. “A gente tem de ver se esses recursos serão destinados para cá. Vamos lutar juntos e por isso a gente quer conversar com o presidente Michel Temer imediatamente para ver se faz essa parceria e destina os recursos dessa concessão. Vai ter uma parte pública e uma parte privada”, afirmou Pezão.
Também presente no encontro, o prefeito campista Rafael Diniz salientou que neste momento de crise, a obra possibilitará novas oportunidades para região: “Temos que repensar a cidade e a região para além dos royalties, principalmente neste momento de crise. Essa alternativa com a EF 118 é um apontamento de que novos investimentos podem vir para a nossa região”.
Um dos principais pontos destacados no encontro é que o traçado possibilitará o desenvolvimento da mais nova “Província Portuária do Sudeste”, criando uma nova alternativa logística de fundamental importância para o escoamento de cargas com origem no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. A ferrovia tem o potencial de atrair novos polos industriais nos 25 municípios fluminenses e capixabas cortados pelo traçado da ferrovia. A EF 118 se articulará à EF 354 (também conhecida como Transcontinental), projeto ferroviário que cruzará o país no sentido leste/oeste, a partir do Açu, alcançando a região Centro-Oeste e, eventualmente, o Oceano Pacífico na costa peruana.
Hartung, governador do ES, ressaltou a necessidade da parceria entre os dois estados. “Precisamos ‘amarrar os bigodes’. Ao invés do Rio puxar pra lá e o Espírito Santo puxar pra cá; ao invés dos empresários cariocas puxarem para um lado e os empresários capixabas pro outro, a gente tem quer somar forças para ir ao presidente da República. Isso [a ferrovia] vai criar um pulmão de logística que não é para o Rio, não é para o Espírito Santo, é para o Brasil. Se ficarmos olhando para o próprio umbigo, vamos perder esse recurso”, disse.
O documento endereçado a Temer também foi assinado por entidades de classe, como Firjan, Associação Comercial do Rio de Janeiro e Espírito Santo em Ação, entre outros.
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