HIV no alvo do Dezembro Vermelho
Jane Ribeiro 25/11/2017 17:40 - Atualizado em 27/11/2017 13:58
Fátima Castro
Fátima Castro / Folha da Manhã
Na próxima sexta-feira, 1º de dezembro, é o Dia Mundial de Combate à Aids. No Brasil, a data é adotada desde 1988. Nesse dia, são realizadas ações, visando a conscientização da importância no combate ao vírus do HIV. Uma das ideias é buscar o sentimento de solidariedade entre os portadores do vírus, além do combate ao preconceito. Segundo dados do Programa Municipal DST/AIDS- CDIP-II, de janeiro a novembro de 2017, foram realizados no CDIP 2.045 exames de HIV. Em 109 destes exames, ocorreram resultados reativos para HIV, que representa 5,33% dos casos. Destes, 35,19% foram do sexo feminino e 64,81% do sexo masculino. Um crescente número da doença com resultado reativo na população jovem de 15 a 25 anos, que merece destaque no mês de dezembro, considerado o mês Vermelho dedicado a discussões e prevenções. Outro ponto destacado pelo CTA é a campanha de combate a Sífilis, que tem por objetivo realização do diagnóstico em mulheres durante o pré-natal.
Atualmente, há cadastrados 3.271 usuários no ambulatório do Programa Municipal DST/AIDS e Hepatites Virais. O sexo masculino representa 54,2% dos usuários e o sexo feminino 45,8%. O ambulatório de infectologia pediátrica para HIV acompanha e trata 70 crianças acima de 2 anos e realiza no momento investigação de 58 crianças com idade entre 0 e 2 anos.
Aumentou o número absoluto de novos casos de Aids no Brasil, em tendência contrária ao que se registra na média mundial. Dados divulgados pela UNAids, órgão das Nações Unidas para lidar com a epidemia, apontam que o total de novas infecções a cada ano no Brasil aumentou em 3% entre 2010 e o ano passado. O tratamento para o HIV tem registrado progressos notáveis. É o que mostra o novo relatório global divulgado pelo UNAids às vésperas do Dia Mundial contra a AIDS (1º de dezembro). O documento destaca o aumento significativo no acesso ao tratamento antirretroviral ao redor do mundo. Enquanto em 2000, apenas 685 mil pessoas vivendo com HIV tinham acesso ao tratamento, até junho de 2017, esse número era de 20,9 milhões de pessoas.
Programa Municipal DST/AIDS
Programa Municipal DST/AIDS / Folha da Manhã
No ano de 2017, até o mês de novembro, foram 259 novos usuários em acompanhamento; em 2016, este número estava em 332. Segundo o coordenador do Programa DST/AIDS e Hepatites Virais, Leonardo Pessanha, os profissionais das Unidades Básicas de Saúde estão sendo treinados para a descentralização dos testes rápidos no município.
No dia 1º de dezembro, a Associação Irmãos da Solidariedade, única casa de apoio do estado do Rio, vai promover um dia inteiro de estudos, reflexão e mobilização de combate ao vírus HIV. Além de um Simpósio, “Sob um olhar interdisciplinar” e no final do dia um apitaço, em frente à Faculdade Estácio de Sá, com distribuição de panfletos, preservativos, além de teste rápido de Aids. A presidente da Associação Irmãos da Solidariedade, Fátima Castro, informou que já são 29 anos de apoio aos portadores, com uma casa sempre cheia, com 42 leitos, com uma estrutura grande e uma clientela rotativa.
— Não existe grupo de risco e sim comportamento de risco. A AIDS não escolhe cara, cor, idade. Não se fala mais de Aids a não ser no dia 1º de dezembro, só que a AIDS continua matando, contaminando, o que vem caindo são as mortes, por conta da facilidade dos medicamentos. A doença é incurável, o vírus é mutante e varia muito de organismo e não existe vacina. O jovem não acredita na contaminação, não se previne. Mesmo porque você não pega Aids hoje e aparece amanhã, a doença fica no organismo durante 8 ou 9 anos. As pessoas não conseguem absorver o perigo das doenças sexualmente transmissíveis e com ela está ao HIV — informou Fátima Castro.
Dia Nacional de combate em Campos
Aprovada pelo Senado em outubro e publicada no Diário Oficial da União, a Lei 13.504 que institui a Campanha Nacional de Prevenção ao HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis, o chamado Dezembro Vermelho. A campanha terá foco na prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV/Aids. Serão realizadas, ao longo do mês de dezembro, atividades e mobilizações tais como iluminação de prédios públicos com luzes na cor vermelha; veiculação de campanhas de mídia; palestras e atividades educativas; e promoção de eventos. A instituição da campanha já havia sido aprovada em agosto pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal.
Em Campos, a secretaria de Saúde estará desenvolvendo ações de testagem e conscientização, inclusive durante o dia 1º de Dezembro. Para Fátima Castro, o Dezembro Vermelho, é uma iniciativa válida, mas deveria ser feito durante todo o ano. “Acho uma maravilha, mas seria muito melhor que fosse prolongado para o ano todo, que tivesse essa conscientização nas escolas, com trabalho de educação e não de informação. O comportamento só é mudado através do educar. Porque o preconceito tem que se tombado e isso ainda é muito presente na sociedade. “, finalizou.
Atenção ao diagnóstico em gestantes
Em outubro, o Ministério da Saúde lançou a campanha de incentivo ao diagnóstico da sífilis em gestantes. A campanha também teve como objetivo sensibilizar os profissionais da saúde para que recomendem a seus pacientes a realização do diagnóstico durante o pré-natal.
Em Campos, em 2016, 2.410 testes foram realizados, sendo que 1.143 em homens, dos quais 101 foram positivos, e 1.267 em mulheres, sendo 79 positivos. Já esse ano, foram 2.050 testes realizados até o momento, sendo 163 positivos. Foram 1.054 testes em adultos e crianças do sexo masculino, dos quais 98 foram positivos; e 996 em pessoas do sexo feminino, sendo 65 positivos.
Durante todo o mês de outubro, em todo o país, ações trataram do tema na atenção básica de saúde. Os testes estiveram disponíveis nos postos de saúde de todo o Brasil. Ao mesmo tempo em que conscientizou as mães para a realização do diagnóstico no pré-natal, a campanha reforçou o papel fundamental dos profissionais de saúde para o sucesso desta iniciativa.
A sífilis durante a gestação pode trazer consequências como má-formação do feto e aborto. O teste é rápido e simples de ser feito. O tratamento durante a gestação também pode ser realizado de maneira simples, evitando complicações para a criança após o nascimento.

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