Funcionários da Turisguá ainda em paralisação
Paula Vigneron 14/11/2017 14:17 - Atualizado em 16/11/2017 13:18
Funcionários pararam contra atraso salarial
Funcionários pararam contra atraso salarial / Divulgação
Permanece a paralisação dos funcionários da empresa Turisguá, que compõe, junto com a Cordeiro, Siqueira e São Salvador, o consórcio União. Motoristas e cobradores estão com três meses de salários atrasados e afirmaram que só retornarão às atividades após o acerto do pagamento. Nesta terça-feira, segundo eles, a proprietária da empresa, Rosemary Araújo Reis, informou que haveria demissão em massa por justa causa. À Folha, Rosemary negou a informação. Uma reunião estava marcada para a parte da tarde, na garagem da Turisguá, mas a proprietária não compareceu. Revoltados, os trabalhadores foram para frente do Ministério Público do Trabalho (MPT). O secretário do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários, Luiz Pereira, foi autorizado a entrar. Uma audiência sobre a situação ficou marcada para o próximo dia 22.
— São mais de 150 trabalhadores parados, com três meses de salário atrasados, e a dona da empresa só diz que não tem condições de pagar. Não tem Prefeitura, não tem nada. O problema é ela. Se não pagar, eu acho que tem que fechar as portas e entregar para outras pessoas. Tem muita gente que já foi despejada, com luz cortada, passando necessidade, com filho chorando... A gente está procurando o Ministério Público do Trabalho, vamos ter uma audiência no dia 22. Estamos aguardando para ver o que vai ser resolvido — disse Luiz Pereira.
Antes dos trabalhadores terem ido ao MPT, Rosemary concedeu entrevista à Folha e se defendeu, alegando que os funcionários não querem retornar, mesmo com propostas feitas pelo sindicato e pela Turisguá. Entre as propostas, está a possibilidade de os trabalhadores retornarem às atividades, receberem a diária e aguardarem o pagamento dos salários atrasados, que serão acertados quando a Prefeitura depositar a parcela do mês de dezembro de 2016. Ainda não há previsão para o depósito. Segundo Rosemary, esta é a mesma proposta feita pelas outras empresas.
— O dinheiro já está garantido para eles, dentro da lei trabalhista. O sindicato, ontem (segunda-feira), fez a garantia para os funcionários, pedindo ao Ministério Público que o dinheiro não seja para outra coisa, a não para o pagamento. Se todas retornaram, por que a Turisguá não? — questionou a empresária, explicando ainda o que teria dito na negociação com os motoristas e trabalhadores: — Eles falaram o seguinte: ou paga os meses ou eles não retornam. Aí, eu quero saber o seguinte: eles têm o direito de fechar a empresa? Se eles tiverem o direito, eles fecham. Mas eu não estou fechando a empresa. Eu quero retornar o serviço para a gente poder arrumar condições com o município e com todos que querem voltar. E disse que, para aquele que não retornar, eu vou dar uma justa causa. Teve um funcionário que me xingou de tudo que foi nome lá dentro. Esse, com justiça ou sem justiça, eu não quero trabalhando comigo.
O cobrador Rutiele Francisco dos Santos se sentiu atacado e rebateu as acusações: "É complicado. Muita gente já foi despejada de casa. Hoje, ela (Rosemary) me mandou embora por justa causa. Disse que eu a xinguei. Estava discutindo com um funcionário, colega nosso, mas ela falou que eu a xinguei. Está difícil para a gente sobreviver. Criança pequena em casa, aluguel para pagar, compra para fazer... Está difícil. Não recebo desde agosto, fora as férias, que já voltei e não recebi ainda. Ela está falando que eu a xinguei. Quero ver provar. Dinheiro para pagar ela tem, mas não quer tirar de onde tem", disse o cobrador.

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