O atípico Campeonato Brasileiro 2017, que andou morno ao longo de quase todo período, passou a ganhar emoção justo agora, na reta final, curiosamente pelo baixo nível técnico da maioria dos times que disputam a Série A do torneio.
Acontece que tendo o Corinthians assumido a liderança logo nas primeiras rodadas, com inédito aproveitamento acima de 80% ao longo do 1º turno – sem que os rivais sequer conseguissem manter a proximidade – fez com que o Timão viesse a ser considerado o virtual campeão brasileiro.
Contudo, numa dessas circunstâncias próprias do futebol, o então imbatível time de Itaquera, que ganhava de todo mundo, simplesmente despencou no returno e fez o caminho contrário: começou a perder de todo mundo.
Logo no início do 2º turno, três derrotas seguidas: Vitória, Atlético-GO e Santos. Nove pontos deixados e... um alento para quem estivesse ‘ali’ pelo G-4. Engano. Os rivais ‘mais próximos’ permaneceram distantes.
Neste particular reside outra atipicidade do Brasileirão 2017, posto que o líder mantém a dianteira não pelas vitórias, mas porque os rivais o acompanham nas derrotas.
Baixo aproveitamento – Grêmio, Santos, Palmeiras e Flamengo continuaram longe, revezando entre si as posições. Sport e Fluminense já tinham descido na tabela; Cruzeiro e Botafogo subiram – mas todos respeitando o líder.
Conforme o Corinthians não parava de perder, Palmeiras e Santos, os ‘novos rivais’ tiveram chances de encostar. Mas novamente não aproveitaram.
Os últimos resultados, contudo, fizeram com que o Corinthians petrificasse na pontuação do returno, somando apenas 12 pontos em 12 rodadas – somente três vitórias – com aproveitamento de 33,3%. Nos quatro jogos recentes, derrotas para Ponte Preta, Botafogo e Bahia; empate com o Grêmio: um ponto.
É esse retrospecto de queda livre que esquentou, ao apagar das luzes, o campeonato. Se vencer hoje, o Palmeiras fica a 2 pontos do líder, restando ainda 18 em disputa.
Reta final pode dar de tudo
Normalmente quando o campeonato chega nesta fase, em que restam apenas seis rodadas para o fim, os times do meio da tabela quase se consideram de férias, porque não têm mais como disputar as primeiras posições e, via de regra, encontram-se distantes o suficiente do Z-4.
Mas, neste ano, a situação é bem outra. Quem ocupa 10ª/11ª posição está a meia dúzia de pontos tanto do G-6 como do rebaixamento. Logo, a luta nas duas extremidades da tabela promete ser intensa até o final.
Pela liderança, caso o Corinthians vença hoje, amplia para 8 pontos a vantagem sobre o vice Palmeiras, o que lhe permite mais alguns tropeços sem que perca a ponta. Por outro lado, perdendo, fica com apertados dois de dianteira – um risco muito grande levando em conta os jogos difíceis que terá pela frente, entre eles três clássicos.
Últimas etapas – Nas próximas seis rodadas, o Coringão enfrenta o Atlético-PR na Arena da Baixada – jogo difícil –; depois o Avaí, teoricamente fácil, mas que costuma surpreender; e depois três clássicos seguidos, todos pedreiras: Fluminense, que tanto pode estar lutando para fugir da área de degola, como em busca de fechar o torneio melhor colocado; Flamengo, na Ilha do Urubu, certamente tentando G-4 para vaga direta na Libertadores, além de acalentar sua torcida; Atlético-MG, brigando para subir e talvez beliscar lugar na pré-Libertadores que, dependendo da Sul-Americana, poderá ser de G-8.
Na última rodada, na Ilha do Retiro, o Sport, com grandes possibilidades do Leão entrar no jogo dependendo de um ou dois pontos para escapar do Z-4.
O panorama não deixa dúvidas de que a vida do Corinthians, perdendo hoje, vai ser de total pressão. Na melhor das hipóteses, serão cinco jogos muito difíceis e apenas dois pontos de vantagem não é garantia de nada.
Mesmo o Santos ainda pode voltar a sonhar com o título, bem como, de forma remota, o Grêmio – hoje na terceira posição, com 53 pontos.
De toda sorte, a favor do Corinthians conta que não tem almoço grátis – a coisa não tá fácil pra ninguém.
O troca-troca de técnicos
Apático e nivelado por baixo, restando menos de um mês para o término da competição, a dança de técnicos mostra a irregularidade do Brasileirão iniciado em maio.
Fosse diferente, o Corinthians não estaria na liderança após tantas derrotas. É certo que batendo o Palmeiras, segue confortável. Mas, como já dito, a derrota reduz a diferença e ‘abre’ o campeonato.
Numa temporada em que os favoritos Flamengo, Atlético-MG e Palmeiras decepcionaram, as sucessivas demissões de técnicos refletem o festival de tropeços.
O Galo demitiu Roger Machado – contratou Micale e demitiu Micale – trazendo Oswaldo de Oliveira. O Palmeiras despachou Eduardo Batista, retornou com Cuca, que também acabou demitido. O Santos trocou Dorival Jr por Levir Culpi – que ganhou bilhete azul semana passada.
O São Paulo dispensou Rogério Ceni e pôs Dorival no comando que, por sua vez, vai se equilibrando à frente do time que luta o campeonato inteiro contra o rebaixamento. O Flamengo trouxe Rueda para o lugar de Zé Ricardo, aproveitado pelo Vasco em substituição a Milton Mendes.
Seguindo na lista de grandes clubes, mantiveram-se no cargo, Fábio Carille (Corinthians), Abel Braga (Flu), Jair Ventura (Botafogo), Mano Menezes (Cruzeiro) e Renato Gaúcho (Grêmio).