''Assassinato no Expresso Oriente'' entra em cartaz
29/11/2017 18:08 - Atualizado em 01/12/2017 13:47
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ENTITY_quot_ENTITYAssassinato no Expresso OrienteENTITY_quot_ENTITY / Divulgação
As criações da escritora inglesa Agatha Christie servem sempre como bom argumento para filmes. Nesta quinta-feira (30), no circuito de Campos dos Goytacazes, temos a estreia do filme “Assassinato no Expresso Oriente”.
De acordo com setores da crítica de cinema, algo na mistura do romantismo policial mórbido de Agatha Christie e a bombasticidade shakespeariana de Kenneth Branagh parece incrivelmente divertida para qualquer um chegado na ficção britânica. “Assassinato no Expresso Oriente” é um bom retorno à forma para Branagh, tanto na atuação quanto na direção, e traz a obra outrora incrivelmente popular de Christie de volta ao cinema acessível para uma nova geração.
Após resolver mais um caso no exterior, o grande detetive belga, Hercule Poirot está a caminho de Londres via o Expresso do Oriente, quando o trem tem seu trajeto interrompido por uma nevasca e um dos passageiros é misteriosamente assassinado em sua cabine. Cabe agora a Poirot descobrir qual dos passageiros cometeu o crime antes que a viagem chegue ao seu destino, mas entre tantas pistas falsas e figuras suspeitas, a investigação pode revelar uma verdade muito maior do que ele imagina.
O filme carrega um elenco cheio de renomes incluindo Michelle Pfeiffer, Judi Dench, Daisy Ridley, Johnny Depp, Josh Gad, Willem Dafoe e Penelope Cruz, todos entregando personagens marcantes, mas a grande estrela é inegavelmente Branagh como Poirot.
Se tratando de um personagem icônico, ele tem que competir com outras versões tidas como definitivas, como as de Albert Finney e David Suchet, mas ele consegue encontrar um viés diferente o suficiente no personagem, talvez mais iconicamente representado pela interpretação radical do famoso bigodinho curvado do detetive em um bigodão de dar inveja a Nietzsche. Esse Poirot não é tão ridículo e não-ameaçador quanto suas contrapartes passadas, inclusive pode ser um tanto imponente dada a situação, mas ainda possui vários dos seus trejeitos afrancesados caricatos que nos asseguram que este é o mesmo detetive pouco ortodoxo da prosa de Christie. Essa versão do personagem amplia a interpretação (muito sensata) que ele possui algum transtorno de compulsão obsessiva, o que ajuda em seu processo de observação na hora de resolver casos, mas termina por aliená-lo socialmente. E também ajuda o fato que, como ator, Branagh, em todos seus exageros, é pura encarnação de presença de tela.
É, no entanto, uma escolha curiosa de livro para se adaptar, considerando que a versão para o cinema de 1974 foi dirigida por ninguém menos que Sidney Lumet (“Doze Homens e uma Sentença”, “Serpico” e “Um Dia de Cão”), também teve um elenco estelar (Albert Finney foi indicado ao Oscar pelo filme, Ingrid Bergman levou o prêmio, e Lauren Bacall, Sean Connery e Anthony Perkins também complementam o cast) e é amplamente considerada uma das melhores adaptações de um livro de Christie, logo, é inevitável a comparação entre os dois filmes. Mas a nova versão consegue se destacar em diversos pontos, graças às sensibilidades teatrais de Brannagh e uma adaptação dinâmica em parte do roteiro, que expande tematicamente em relação ao livro, mais preocupado na construção do mistério:
O filme aborda elementos pesados como racismo, xenofobia, alcoolismo e fanatismo religioso e tem como tema central a ética da justiça, que forma o arco de personagem de Poirot, dando a clássica e inusitada solução do whodunit um contexto temático e emocionalmente ressonante.
Como boa parte do livro consiste simplesmente em Poirot entrevistando os suspeitos no vagão-restaurante do trem, o filme tenta variar locações e introduzir sequências de maior tensão. Não chegam a se tornar realmente cenas de ação, mas ajudam a trazer dinamismo cinematográfico e um senso maior de perigo à narrativa;
Em tempos onde o romance de detetive clássico não tem mais a força de antes, é agradável ver um filme que se presta tanto carinho a esse gênero apagado. A cena final mostra o desejo de produzirem uma sequência (já confirmada, aliás) e espera-se que ela de fato vá para frente.
Também entram em cartaz nesta quinta-feira, “Jogos Mortais: JIGSAW” e “Os Parças”. No sábado (02) e domingo (03) haverá a pré-estreia de “Extraordinário”. Permanecem em exibição “Liga da Justiça”, “A Estrela de Belém”. e “Pai em Dose Dupla”. (A.N.) (C.C.F.)

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