Campos prestigiará a cultura do Nordeste brasileiro com o evento “Celebrando a Cultura Nordestina”, que acontecerá na praça do Santíssimo Salvador, no Centro da cidade, entre os dias 12 e 14 de dezembro. Haverá várias atrações, como palestras, oficinas de dança e de instrumentos musicais, feira de artigos e shows com as 14 bandas do Cordel da Planície, grupo que idealizou o evento.

De acordo com o coordenador do grupo Cordel da Planície, Gualter Torres, o objetivo do evento é promover um resgate cultural do forró raiz, além de homenagear o cantor e compositor Luiz Gonzaga, conhecido como o “Rei do Baião”, que, se estivesse vivo, completaria 105 anos no próximo dia 13.

— Apresentamos esta proposta de resgate à cultura nordestina e a Prefeitura abraçou o projeto, nos apoiando estruturalmente, através de secretarias e superintendências — disse Torres, que ainda falou sobre o grupo.

— O Cordel da Planície é um grupo cultural formado por 14 bandas e cinco companhias de dança, criado com a finalidade de promover o forró tradicional em Campos e região.

Segundo o superintendente adjunto de Entretenimento e Lazer, Fabiano Gomes, o “Celebrando a Cultura Nordestina” também terá a finalidade de comemorar o Dia Nacional do Forró, 13 de dezembro.

— Por isso, teremos apresentações musicais de grupos de forró homenageando Luiz Gonzaga, o grande mestre brasileiro. Vamos, entre outras coisas, promover um resgate cultural do forró raiz. As tradições nordestinas serão muito prestigiadas no evento — falou Fabiano Gomes.

O diretor de eventos da superintendência Municipal da Igualdade Racial (Supir), Ricardo Silva, destacou que esta é uma boa oportunidade para se valorizar a comunidade nordestina que vive na cidade e prestigiar essa cultura.

— Acho que é o momento em que muitas pessoas irão conhecer os ritmos típicos do Nordeste. Serão várias bandas se apresentando, além da comida típica nordestina que o público poderá apreciar. Esta é a primeira vez que Campos sediará um evento que exalta essa cultura, nos moldes na Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Sem dúvida, esta é uma grande oportunidade de dar visibilidade à comunidade nordestina presente em Campos — relatou.

Forró — O nome pode indicar questões distintas, como uma dança popular de origem nordestina, um gênero musical e uma festa. A origem histórica da palavra “forró” tem várias versões. Três delas são mais conhecidas. Segundo a primeira, o termo teria surgido no final do século XIX, quando ingleses construíam estradas de ferro no Nordeste e faziam festas frequentemente, mas nem sempre abertas à população. Quando a festa era aberta a todos, eles escreviam na entrada For All (em português, “para todos”). O termo forró seria, então, uma variação da pronúncia de For All.

Outra versão também defende que o termo teria vindo da variação da pronúncia de For All, mas as festas seriam realizadas por soldados norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial, que aconteceu entre 1939 e 1945.

A terceira é defendida pelo historiador Câmara Cascudo, que aponta que “forró” veio do termo “forrobodó”, expressão africana que significa “algazarra”, “confusão”, “arrasta-pé”.

O forró sofreu mudanças devido a influências de outros gêneros e atualmente existem três categorias. A primeira delas é a tradicional, o forró pé-de-serra, que tem origem no Nordeste, em meados da década 1940, e é caracterizado por ter como fonte de inspiração o universo rural do sertanejo. É tocado por trios de zabumba, sanfona e triângulo. Luiz Gonzaga é o grande exemplo do pé-de-serra.

Jovens sulistas começam a tocar e dançar o pé-de-serra de maneira diferente da original, com influências de rock’n’roll, samba, funk e reggae. Daí surgiu o forró universitário, marcado por bandas como Fala Mansa e Rastapé.

Também há o forró eletrônico, que traz linguagem estilizada e visual chamativo, com grande destaque para instrumentos como guitarra, contrabaixo e órgão. São exemplos dessa vertente Frank Aguiar, Calypso e Mastruz com Leite. (J.H.R.) (A.N.)