Soffiati avalia Arte Moderna
Jhonattan Reis 24/11/2017 19:11 - Atualizado em 27/11/2017 14:27
Aristides Soffiati
Aristides Soffiati / Folha da Manhã
A quarta e última palestra do IV Seminário Cultural da Academia Pedralva de Letras acontece neste sábado (25), às 16h30, no auditório do Museu Histórico de Campos. O professor e ambientalista Aristides Soffiati irá palestrar sobre o tema “os 95 anos da Semana de Arte Moderna”. Os encontros também celebram os 70 anos de existência Academia Pedralva, completados em fevereiro. O museu está localizado na praça do Santíssimo Salvador, no Centro da cidade. A entrada é franca.
— Falar sobre a Semana de Arte Moderna não é uma coisa estranha, pois faço estudos sobre ela desde a década de 1970. E é muito importante tratar deste assunto porque essa semana foi um marco na história da cultura brasileira, pois sua tendência era a busca por uma cultura nacional, que estudasse as raízes culturais do país. Com esta palestra, procurarei mostrar as origens desse movimento modernista do Brasil que aconteceu em fevereiro de 1922. Também vou abordar outras questões, como os antecedentes da Semana de Arte Moderna, que já estão em 1917, quando teve uma exposição com uma pintura brasileira que havia retornado da Europa, a Anita Malfatti, muito influenciada pelo expressionismo europeu. Essa exposição causou uma discussão muito grande entre os intelectuais — disse Soffiati.
O palestrante comentou que o Brasil, naquela época, recebia bastante influência da Europa.
— Nesse continente havia todo um movimento artístico muito moderno e avançado, e a influência desses movimentos europeus eram muito fortes no Brasil. E, na década de 1920, no Brasil, a Europa tinha mais influência do que os Estados Unidos. Falar o Francês era obrigação para os intelectuais.
Aristides Soffiati também falou sobre uma curiosidade em relação à Semana de Arte Moderna.
— Com o movimento, começou a haver uma convergência de intelectuais de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. De 1922 a 1930, o modernismo teve um dinamismo muito grande com revistas que circulavam entre os intelectuais. Não era um público muito grande, era formado por alguns intelectuais mais interessados. Mas tem um caso muito singular, que é o da cidadezinha de Cataguases, em Minas Gerais. A cidade é muito menor do que Campos, por exemplo, mas tinha um grupo de intelectuais muito forte que manteve uma revista modernista naqueles anos, contando com colaboração de modernistas do Brasil todo. Foi um caso raro de uma cidadezinha do Brasil com um momento intenso em questão de arte.
Coordenador do seminário, o pesquisador e professor Marcelo Sampaio ressaltou a importância de se abordar a Semana de 22 — como também ficou conhecido o movimento.
— Não poderíamos fechar o ano sem falar deste marco para a literatura no Brasil. Acho que vamos cumprir um papel que todas as academias de letras deveriam cumprir, que é de abordar a própria literatura. Geralmente, em uma reunião acadêmica, cada acadêmico recita uma poesia dele próprio e fica nisso. Mas acho que as academias têm que buscar algo diferente, discutir mais literatura, as fases literárias, os principais movimentos revolucionários. E, percebendo que este ano completaram 95 anos da Semana de Arte Moderna, foi inevitável não abordá-la — falou Sampaio, adiantando que haverá o V Seminário Cultural da Pedralva em 2018.
IV Seminário Cultural — A primeira palestra aconteceu no dia 25 de março. Marcelo Sampaio falou sobre os 90 anos de nascimento do compositor Tom Jobim. No segundo encontro, ocorrido em 24 de junho, o cineasta Carlos Alberto Bisogno abordou o tema “os 50 anos do filme ‘Terra em Transe’ (1967), de Glauber Rocha”. No dia 7 do mês passado aconteceu a terceira palestra, com Marcelo Sampaio falando sobre “os 50 anos do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record”, que aconteceu em 1967. Todas as palestras ocorreram em sábado, no Museu Histórico.

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