Crítica de Cinema - A volta do Super-Homem
21/11/2017 10:25 - Atualizado em 22/11/2017 15:19
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Não se concebe como, num filme anterior, Batman, um simples mortal, conseguiu matar Super-Homem, feito de aço. Com a força de uma caixa mágica, ele foi ressuscitado. Seu corpo não se decompôs nem enferrujou enquanto estava sepultado. Ele deve ser inoxidável. A ressurreição do homem de aço foi o ato do Batman (Ben Affleck) até agora para reparar seu crime e para organizar a Liga da Justiça. Antes dessa operação miraculosa, o homem morcego mostrou que é rico, inteligente, habilidoso e organizador. Claro que devem caber a um humano todos estes dotes. Não a um imortal.
Ele pressentiu a chegada do perigo e começou a procurar super-heróis para enfrentá-lo. A Mulher Maravilha (Gal Gadot) já estava vigilante. Mas ela cuidava apenas do feijão-com arroz: terroristas de direita, xenófobos querendo cometer atentados e maltratando muçulmanos em Londres, cidade com miséria, embora não se mostre isso nos cartões postais. Uma amazona merece algo melhor: um inimigo mítico.
Batman não seria ninguém sem seu fiel e inteligente mordomo Alfred, representado pelo excelente Jeremy Irons em fim de carreira. Ele está sempre a postos para salvar o homem morcego, mesmo à distância. Numa aldeia de pescadores, Batman encontra o irascível Aquaman (Jason Momoa), que não quer deixar sua vida individualista e seu reino marinho para salvar o planeta. O que Batman ainda pôde conseguir para reforçar sua liga foram o pós-adolescente Flash (Ezra Miller) e Cyborg (Ray Fisher).
Mas um perigo pressentido não mobiliza todos os heróis e terráqueos. É preciso uma ameaça concreta, como um Donald Trump ou um Kim Jong-un. Eis que um super-vilão volta do mundo mítico para apressar a união dos heróis. Trata-se de Lobo da Estepe (Ciarán Hinds). Com as três caixas mágicas guardadas pelas Amazonas, pelo reino de Netuno e pelos humanos, Lobo da Estepe poderá dominar e destruir o mundo. Super-Homem (Henry Cavill) estranha a Terra e os amigos logo após a ressurreição. Mas depois de um papo com Lois Lane (Amy Adams), ele se junta ao grupo para encerrar de vez o grande perigo cósmico.
A tela está pronta para o diretor Zack Snyder pintar seu quadro. Com os pinceis dos roteiristas Chris Terrio e Joss Whedon, ele pinta um filme convencional. De um lado o bem, representado pelo embrião da Liga da Justiça. Do outro lado, o mal, na figura do Lobo da Estepe. O filme tem tiradas cômicas, que arrancam risos do espectador. Mas, no todo, a produção não tem a força de “Mulher Maravilha” e seu natural feminismo nem de “Thor Ragnarok”, com suas gradações entre o bem e o mal e suas aventuras estranhas antes de partir para o confronto final.
Como é de praxe hoje, nas superproduções, deve-se esperar a longa lista de créditos finais para assistir ao anúncio do próximo episódio. A Liga da Justiça será oficializada. Para enfrentá-la, os supervilões também organizarão um liga. Assim, os anos da Segunda Guerra Mundial virão para o presente, devidamente atualizados. Faltará o Capitão América, que bem poderia migrar dos Vingadores para a Liga, seu lugar natural.

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