Entre as estreias desta quinta-feira (9) nos cinemas de Campos dos Goytacazes, a indicação recai sobre o filme “Terra Selvagem”. De acordo com observações da crítica especializada, em muitos aspectos, o discurso transmitido no filme é dolorosamente poderoso. O drama, do diretor e também roteirista Taylor Sheridan, é incisivo na apresentação de uma mensagem crua, realista, e por mais difícil que pareça, “esperançosa”. Dependendo da sua familiaridade com a situação na qual Cory Lambert (Jeremy Renner) e Martin Hanson (Gil Birmingham) enfrentam dia após dia após a perda de suas filhas, “Terra Selvagem” poderá ser uma espécie de catarse, ainda sem prover a libertação da dor que muitos anseiam, e que provavelmente, como apontado pelo protagonista da obra, nunca virá.
O mistério, que dá margem ao thriller que sustenta o longa em termos narrativos, ainda invoca uma mensagem de denúncia social contra os inúmeros casos de violência contra a mulher. Natalie Hanson (Kelsey Chow) é mais uma guerreira morta, que mesmo nas situações mais adversas possíveis, resistiu o quanto pode; no frio desacolhedor; na terra selvagem. O entendimento do que aconteceu com a garota é o que movimentará a trama, e é o que levará Sheridan a estudar especialmente a perda sofrida pelas figuras paternas. Todavia, embora Sheridan não se manifeste em entrar a fundo no sentimento materno à perda de filhas, o diretor acerta nas aparições de Annie Hanson (Althea Sam), mãe de Natalie, que exprime identificações opostas de como o vazio é lidado.
O próprio começo de “Terra Selvagem” já nos prontifica a tratar Natalie como uma lutadora, ao correr milhas e milhas em busca de sua própria sobrevivência. Uma corrida que mulheres infelizmente têm de enfrentar cotidianamente dentro de uma sociedade deveras machista e doentia — uma violência perpetrada no longa na forma dos predadores a serem caçados por Cory.
No enfoque nas mensagens e no conteúdo de “Terra Selvagem”, Sheridan desvia um pouco a atenção do espectador da superfície narrativa da obra, que tem com Jane Banner (Elizabeth Olsen) sua principal veia condutora. A busca pela verdade acaba não sendo tão interessante quanto a fornecida por outras obras do gênero. A resposta para as perguntas, que indiscutivelmente muitos pais e mães ainda não têm, acaba não sendo abordada da maneira mais instigante. Ao retratar o que acontecera com Natalie no dia de sua morte, Sheridan adentra em um íntimo desnecessário, soando como se nós estivéssemos invadindo uma cena a qual não deveríamos presenciar como meros observadores. O sentimento de impotência que surge não é exatamente propício para um longa no qual os personagens já sofreram martírio “suficiente”, e a mensagem já foi transmitida perfeitamente pelas interpretações.
Com um perfeito “olho por olho, dente por dente” realçado na conclusão do longa-metragem, “Terra Selvagem” é uma desafiadora e inquietante visita de Taylor Sheridan à dor da perda de pais. A atmosférica trilha sonora e a branca paisagem, tão bela quanto desconvidativa, do cenário nevado contribuem ainda mais para tornar o longa um acerto de Sheridan, em caminho para se provar tão bom diretor quanto é roteirista.
Também entram em cartaz os filmes “Gosto se Discute” e “Liga da Justiça” — este somente na quarta-feira (15). Permanecem em cartaz “Thor: Ragnarok”, “Depois Daquela Montanha”, “Tempestade — Planeta em Fúria”, “A Noiva” e “Big Pai Big Filho”. E há, ainda, a pré-estreia de “Pai em Dose Dupla 2” amanhã (10). (A.N.) (C.C.F.)