Paula Vigneron
07/11/2017 22:27 - Atualizado em 10/11/2017 15:53
“Hoje, me igualo, em homenagem, a um herói de meninice, da minha infância, cuja obra nomeia um troféu tão significativo à terra dos goitacazes.” A frase foi dita, na noite de última terça-feira (7), pelo sociólogo e diretor do Sesc do Estado de São Paulo, Danilo Santos de Miranda, em referência ao ex-jogador Valdir Pereira, o “Príncipe Etíope” Didi, durante a 18ª edição do Troféu Folha Seca, assim batizado para homenagear o chute dissimulado do atleta campista e bicampeão mundial pelo Brasil. O prêmio marcou o início das comemorações de 40 anos da Folha da Manhã, fundada em janeiro de 1978. O evento aconteceu no Teatro Municipal Trianon e reuniu amigos, apoiadores, colaboradores e autoridades. Após a premiação, o público acompanhou o show do cantor Simoninha, que recordou os sucessos do pai, o carioca Wilson Simonal, eleito, em 2012, o quarto melhor cantor brasileiro de todos os tempos pela revista Rolling Stone.
Destinado aos cidadãos de Campos que se destacam nacional e internacionalmente, o troféu Folha Seca foi entregue pelos diretores do Grupo Folha, Diva e Christiano Abreu Barbosa, a Danilo, que dirige o Sesc/SP desde os anos 80 e é reconhecido pelos serviços prestados à cultura. Nascido em 1943 e filho de uma auxiliar de farmácia e um jornalista, ele saiu da cidade natal com 11 anos de idade em direção a Nova Friburgo para frequentar a Escola Apostólica dos Jesuítas, iniciando sua formação religiosa e humanista. No início da década de 60, aos 20 anos, ele se mudou para o Mosteiro de Itaici, na cidade de Indaiatuba, em São Paulo.
Aos 24, Danilo optou por viver na capital paulista, abandonando o seminário. Nos anos seguintes, passou pelas funções de entrevistador e professor até ser admitido no cargo de orientador social no Sesc. Na década de 70, passou a integrar a equipe do Senac, retornando ao Sesc em 1984. Para o gestor, receber o Troféu Folha Seca, obra do artista plástico Adriano Ferraiuoli, foi uma honra:
— Em primeiro lugar, é uma homenagem que me engrandece. E me torna responsável por uma questão tão séria: ser homenageado em sua cidade natal. Eu costumo dizer que o maior reconhecimento é aquele feito pela sua aldeia. Portanto, para mim, é muito importante. Em segundo lugar, por ser homenageado por um jornal com essa importância tão grande em todo o interior do Estado. Um jornal que completa 40 anos e tem uma força extraordinária na política, na cultura, na informação. É uma honra enorme ser agraciado com o Troféu Folha Seca que, além do mais, homenageia o grande brasileiro que foi Didi, que jogou no time para o qual torço. É uma honra ter essa oportunidade especialíssima. Fico muito feliz. É um prazer enorme.
Simoninha
Festa da Folha no Trianon
Festa Preto e Branco da Folha
Festa Preto e Branco da Folha
Prefeito de Campos, Rafael Diniz destacou a importância do reconhecimento, no município, da história de Danilo, marcada por suas ações na área cultural: “É muito bacana quando a gente vê que campistas brilham no Brasil e mundo afora. Tem uma frase dele que é muito marcante e fala que educação e cultura são duas facetas de uma mesma realidade. É em cima desse exemplo que a gente trabalha em nossa cidade, entendendo educação e cultura como dois grandes caminhos para a transformação”.
A noite do 18º Troféu Folha Seca foi embalada pelo cantor e compositor Simoninha, que esteve em Campos pela primeira vez. Ainda na infância, o artista se interessou pela música e se dedicou, já na adolescência, a cursos na área. Nos anos 80, ele participou de bandas até formar a Suíte Combo, com João Marcello Bôscoli, filho de Elis Regina e Ronaldo Bôscoli. Também no período, integrou a equipe da produção dos discos “Simonal” e “Alegria Tropical”, tornando-se tecladista e produtor em turnês do pai e de Jorge Ben Jor.
“Mamãe passou açúcar em mim”, composição de Carlos Imperial imortalizada na voz de Wilson Simonal, foi a música de abertura do show da noite. No palco, com ritmo intenso e performance semelhante à do pai, alternando sorrisos e o coro de “meninas e meninos” da plateia, Simoninha selecionou canções importantes na trajetória de Simonal. Com “Balanço Zona Sul”, recordou os primeiros passos do artista no cenário musical brasileiro, quando recebia influência da Bossa Nova, cujo ponto de encontro era o Beco das Garrafas, em Copacabana, Rio de Janeiro.
Ovacionado pela plateia, Simoninha também agitou o Teatro Trianon com medleys formados por canções de diversos compositores, como Tim Maia, Luiz Gonzaga e Jorge Ben Jor, junto às de Simonal. “Meu limão, meu limoeiro”, acompanhada pelos presentes, foi outro clássico eternizado pelo músico carioca que entrou no set list da noite. Ao apresentá-la, Simoninha se recordou do pai: enquanto o público permanecia cantando o trecho “Lá, lá, lá, lá, lá, lá”, Simonal saía do palco, ia a um botequim, tomava um café e retornava ao show sem que os fãs percebessem.
Para encerrar o evento, Simoninha interpretou conhecidos sambas, como “Deixa a vida me levar”, “Não deixe o samba morrer” e “Tristeza”, unindo-se a seu coro particular, ao qual ofereceu, com uma taça de vinho, o segundo brinde da noite. O primeiro foi destinado à Folha da Manhã, parabenizada pelo cantor por seus quase 40 anos de fundação e consolidação em Campos e região.