Delatado por Funaro, Garotinho alega perseguição
17/10/2017 10:11 - Atualizado em 26/10/2017 19:24
De novo
Voltar a ser destaque no cenário nacional nunca ficou de fora dos planos do ex-governador Anthony Garotinho (PR), que em 2002 chegou a somar mais de R$ 15 milhões de votos na disputa à presidência da República. Hoje, 15 anos já se passaram e o marido de Rosinha tem conseguido se manter no noticiário nacional, mas não como gostaria. Derrotas nas urnas, “líder de esquema”, prisão, alvo de delação e tudo para ele não passa de “perseguição”. Como “guru”, anda também acertando em cheio em algumas de suas previsões, muitas contrárias ao seu grupo político, como se necessário fosse ter bola de cristal e não ser o líder de todo o “esquema”.
Tiro no pé
Conhecido por seu jeito impulsivo, Garotinho, ainda em setembro deste ano, classificou a delação do doleiro Lúcio Funaro, como “uma das maiores bombas atômicas já disparadas sobre a República”. Naquele momento seu nome e da esposa ainda não tinham aparecido. Só que agora a “bomba” também cai sobre eles com Funaro afirmando que o esquema de desvio de dinheiro da Prece, o fundo de pensão da Cedae, operado por Eduardo Cunha (PMDB), beneficiava planos eleitorais de Garotinho. O doleiro afirma que o dinheiro da propina era dividido pelos ex-aliados políticos.
“Já ficou velho”
Garotinho não perdeu tempo em garantir agora que a delação de Funaro foi “seletiva” e aponta uma “vingança” contra ele. Estratégia definida pelo vereador José Carlos (PSDC) em rede social: “a velha tática desse ultrapassado político já é conhecida por todos, quando sabe que vai provar algo sobre ele, ataca e depois que as pessoas mostram quem ele realmente é, ele avisa que é perseguição, que é só porque ele falou. Enfim, isso já ficou velho”.
Trianon lotado
No último domingo (15), o Trianon lotou na pré-estreia do monólogo “O julgamento de Sócrates”, com o ator campista Tonico Pereira. Desde que interpretou Zé Carneiro na primeira versão do “Sítio do Picapau Amarelo”, nos anos 1980, até o personagem Abel, da atual novela global “A Força do Querer”, Tonico se manteve em evidência em TV, cinema e teatro. E tornou conhecidos no Brasil sua origem e clube do coração: o Goytacaz. Antes mesmo do time da Rua do Gás garantir este ano sua volta à primeira divisão estadual, a apaixonada torcida do ator era revelada por seu personagem Mendonça, na popular série “A Grande Família”.
Lula e Sócrates
Mas para quem assistiu à peça de domingo, nas referências do Brasil atual feitas pelo autor Ivan Fernandes no julgamento do filósofo grego Sócrates (469 a.C./ 339 a.C.), vivido por Tonico e condenado à morte por ingestão de cicuta, ficou claro o paralelo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo seu discípulo Platão (427 a.C./ 327 a.C.) narra em “Apologia de Sócrates”, este foi condenado por introdução de novas divindades e corrupção dos jovens. Já Lula foi condenado a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Mas é réu em mais cinco ações e foi denunciado em outras três investigações.
“Só sei que nada sei”
Como a peça lembra corretamente, Sócrates negou o oráculo do deus Apolo que o proclamou o mais sábio entre os gregos: “Sei que não sou sábio, nem muito, nem pouco”. Lula, por sua vez, não precisou de nenhum oráculo divino para proclamar: “Não existe viva alma mais honesta do que eu neste país”. À exceção do branco dos olhos e do uso da barba, talvez só as evasivas do ex-presidente diante das abundantes evidências dos “malfeitos” seus e do PT, no governo, também lembrem o filósofo ateniense. Especificamente, sua mais célebre sentença: “Só sei que nada sei”.
O luso, não o grego
Com todo o respeito ao grande Tonico, talvez o Sócrates que melhor exemplifique Lula não seja o pensador grego, mas um homônimo: José Sócrates. Primeiro-ministro de Portugal entre 2004 e 2011, pelo Partido Socialista, ele aguarda em liberdade o julgamento pelas acusações de corrupção, fraude fiscal e lavagem de dinheiro, após já ter sido preso duas vezes. O ator e torcedor do clube mais popular de Campos merece todo o carinho. Mas, politicamente, não é exceção na defesa acrítica que muitos da classe artística ainda fazem de um líder que, segundo pesquisa recente Datafolha, 54% dos brasileiros acham que merece ser preso.
José Renato

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