Promessa de caos vigiada de perto
06/10/2017 13:19 - Atualizado em 16/10/2017 19:18
Ponto Final
Ponto Final / Ilustração
Promessa de caos vigiada de perto
Campos viverá hoje um dia de caos, com quase meio milhão de habitantes sitiados num município com todas suas entradas e saídas fechadas em protesto contra o governo Rafael Diniz (PPS), desgastado pela crise na Saúde e medidas impopulares, como a suspensão da passagem social? Ou, apesar dos áudios denunciando pagamento de R$ 100,00 por cabeça nas manifestações articuladas em grupos de redes sociais ligados ao garotismo, os novos protestos repetirão o fracasso do desfile de 7 de Setembro? Na dúvida, uma certeza: as forças de Segurança e o Ministério Público estão cientes e acompanharão tudo de perto.
Limites do protesto pago
Procurador-geral do município, José Paes Neto revelou à coluna que na última quarta (04), numa reunião previamente marcada no Ministério Público Estadual (MPE) de Campos, aproveitou para conversar com os promotores sobre o protesto que pretende parar a cidade, então já arquitetado pelo garotismo. José Paes entende que qualquer ato de protesto é válido e tem que ser respeitado dentro do estado democrático de direito. Mesmo o ato de se pagar aos manifestantes, não seria crime. A não ser, lógico, em caso de dano a patrimônio ou a terceiros. Aí, o pagamento poderia até configurar formação de quadrilha.
PM atenta
O procurador do município também revelou que foi o próprio comandante do 8º BPM de Campos, tenente-coronel Fabiano Santos, quem revelou ao prefeito Rafael Diniz a movimentação para tentar parar hoje a cidade. Antes mesmo das convocações para os protestos viralizarem nas redes sociais ligadas ao garotismo, o comandante estava ciente dos seus preparativos. Da mesma maneira que já tinha feito no desfile de 7 de Setembro, quando o serviço de inteligência da PM foi fundamental para evitar transformar em baderna o evento cívico no Cepop, símbolo maior da gastança nos oito anos do governo Rosinha Garotinho (PR).
Histórico do garotismo (I)
Quem não se esqueceu da gênese do Cepop, também deve se lembrar que protestos cerceando o direito de ir e vir dos campistas são um hábito antigo do casal da Lapa. Em 02 de julho de 2010, na primeira cassação da prefeita Rosinha, seus militantes fecharam a BR 101 ateando fogo em galhos e pneus. Na segunda cassação da hoje ex-prefeita, em 28 de setembro de 2011, cerca de 300 rosáceos fecharam a av. XV de Novembro, diante do Fórum Maria Tereza Gusmão. Liderados por Rosinha, de lá saíram para a sede da Prefeitura e a ocuparam durante três dias, enquanto parte deles voltou a fechar a BR 101 em protesto, no dia 29.
Histórico do garotismo (II)
Encerradas as cassações de Rosinha, seu governo seria marcado por mais manifestações como a que seu grupo político pretende promover hoje em Campos. Em 08 de novembro de 2011, por determinação dos Garotinho, seus militantes fecharam novamente a BR 101, desta vez em manifestação contra a divisão dos royalties do petróleo. Em 07 de março de 2013, militantes liderados por Rosinha invadiriam ainda o heliporto do Farol, novamente em protesto contra a redivisão dos royatlties — os mesmos que o casal cederia três vezes consecutivas, nas conhecidas “vendas do futuro” de Campos, a última delas a ser paga até maio de 2026.
Contas e comunicação
Talvez quem hoje aceite R$ 100,00 para protestar contra os cortes sociais promovidos pelo atual governo, não saiba (ou queira) fazer as contas. Mas com os R$ 3 milhões que Campos é obrigada a pagar todo mês de juros pela última “venda do futuro” dos Garotinho, daria para Rafael manter o Restaurante Popular, o Cheque Cidadão e a passagem social. O que não exime o prefeito e sua equipe, por vezes tomada de soberba técnica, do pecado político de não ter comunicado os cortes prévia e didaticamente à população. E, pela fluidez da comunicação que definiu a campanha de 2016, mas falta à administração de 2017, o governo sangra.
Tempo da reação
Acuado nas cordas por quem nocauteou no voto, o governo Rafael carece de reação. Mesmo porque, independente do que houver hoje na cidade, a assembleia dos médicos que definirá se a categoria entra em greve ou não, será dia 17. E, salvo novidade, não há dado animador na área, que consome 50% do orçamento de 1,6 bilhão do município. Há previsão de que possa chegar a R$ 2 bilhões em 2018, puxado pelos royalties. Mas se esperar até lá para reagir, como o ano novo eleitoral só começa após o carnaval de fevereiro, o governo terá só cinco meses até a campanha de agosto. Pode ser pouco tempo para correr atrás do que se perde agora.
José Renato

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