Cunha e Garotinho omitidos em delação anterior de Funaro
31/10/2017 22:13 - Atualizado em 01/11/2017 11:08
Em mais um depoimento dentro das investigações da Operação Sépsis, nessa terça-feira, o operador e doleiro Lúcio Funaro voltou a apontar ligação entre o ex-presidente da Câmara, o então deputado Eduardo Cunha (PMDB), hoje preso, e o ex-governador Anthony Garotinho (PR). O doleiro afirmou que omitiu informações na delação premiada que fez em 2005 para evitar a cassação de Cunha e preservar o projeto presidencial de Garotinho. Inimigos políticos há anos, Garotinho e Cunha usaram a mesma frase para rebater as acusações: “Funaro está mentindo”, afirmaram.
Funaro admitiu que na delação anterior não relatou irregularidades relacionadas ao Prece, fundo de pensão dos funcionários da Companhia de Água e Esgoto do Rio (Cedae), empresa que Cunha tinha influência.
Sobre o acordo atual, homologado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Funaro disse que fez a delação de livre e espontânea vontade e que aceitou as “duríssimas” condições oferecidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para “ter paz”.
- Prefiro não ter nada e ter paz do que ter tudo e não ter paz - disse o operador, citando a multa que aceitou pagar em seu acordo.
Ele também rebateu as acusações de que teria “roubado” informações que Cunha pretendia usar em seu acordo de delação. “Só quem sofre de apoteose mental pode acreditar nessa possibilidade”, disse Funaro, exaltado.
Em 14 de outubro, parte da delação de Funaro foi revelada. Nela, o doleiro falou que o esquema de desvio de dinheiro da Prece, o fundo de pensão da Cedae, operado por Eduardo Cunha (PMDB), foi planejado durante a campanha de Rosinha Garotinho (PR) para o governo do estado. Ele afirmou, ainda, que parte desse fundo ia para Garotinho, que na época tinha um projeto de candidatura à presidência.
Segundo Furano, ele operou na Prece: “De 2003, quando a ex-governadora Rosinha Garotinho assumiu o governo do estado do Rio de Janeiro, até dezembro de 2006, quando ela saiu do mandato e assumiu o governador Sérgio Cabral”.
O ex-governador Anthony Garotinho enviou nota ao blog com seu posicionamento:
“Funaro está mentindo e o desafio a mostrar qualquer prova contra mim, seja ela conta no exterior ou no Brasil, patrimônio adquirido de forma ilícita ou manuscritos pessoais do doleiro. Os dois, Eduardo Cunha e Funaro, respondem a processo na CVM. Não há nenhuma citação a mim ou a Rosinha”.
Já Eduardo Cunha, preso há um ano por decisão do juiz Sérgio Moro, acompanhou mais um dia dos interrogatórios em Brasília. Questionado após a audiência sobre as declarações de Funaro, Cunha disse: “É mentiroso contumaz e tem que sustentar a mentira dele”, disse. (S.M.) (A.N.)

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