Suzy Monteiro
18/10/2017 09:43 - Atualizado em 20/10/2017 17:59
As ações Penais (AP) e de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) do caso Chequinho continuam movimentando as várias instâncias da Justiça Eleitoral. O ministro Tarcísio Vieira, relator da Chequinho no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), negou o recurso do vereador afastado Jorge Magal (PSD), que pretendia retornar ao cargo. Magal foi condenado a oito anos de inelegibilidade pela 76ª Zona Eleitoral por envolvimento no “escandaloso esquema” de troca de votos por Cheque Cidadão na última eleição. Com a sentença confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), foi afastado do Legislativo. A Folha da Manhã tentou contato com o vereador afastado, mas não obteve resposta. Hoje, estão marcadas duas audiências: uma sobre o filho do casal Garotinho, Wladimir Matheus, e outra que tem como réus os vereadores Ozéias (PSDB), já condenado em Ação Penal, e Linda Mara Silva (PTC). Além disso, o juiz Ricardo Coimbra, da 76ª ZE, aceitou denúncia contra Thiago Godoy, Roberta Moura e Leonardo do Turf.
Em sua defesa, Magal alegou que já tinha rompido politicamente com o grupo do ex-governador Anthony Garotinho no período pré-eleitoral. No entanto, Tarcísio registrou que “o fato apurado, da mesma forma, foi enriquecido pela planilha de fl. 171, que, além de conter o número de beneficiários do programa, assinala, especificamente no campo 23 (vinte e três), o nome de urna de Jorge Santana de Azeredo (Magal) com a informação Total - 450, entregues - 445, bem como o codinome Guarus” (fl. 672v), local onde o agravante reside e tem base eleitoral, conforme relataram as testemunhas Luiz Leal e Maurice Santos”.
Tarcísio Vieira acrescenta: “Assim é que, no meu entender, o olhar do intérprete, ao se deparar com situações como as que aqui se descortina, deve ser direcionado para o máximo de rigor e intolerância a condutas que possam vir a acarretar o desequilíbrio indesejado da disputa eleitoral, no intuito de zelar pela vontade da própria Constituição da República”.
O ministro também relata que “como registrou o acórdão regional, a questão aqui ora apreciada tem um alcance muito maior do quer levar a crer o recorrente, tratando-se de acontecimento extremamente relevante para as eleições de 2016 naquela localidade, envolvendo, além do Poder Executivo local, 39 pessoas (fls. 15-17), tendo, pelo menos, 07 vereadores eleitos” (fl. 674v)”, e concluiu dizendo que “por essas razões, vislumbro, do mesmo modo que a Corte Regional, elementos seguros para concluir pela prática de abuso do poder, motivo pelo qual devem permanecer hígidas as penalidades impostas ao agravante”.
Mais duas audiências marcadas para hoje
Duas audiências da esfera criminal-eleitoral do caso Chequinho estão previstas para o início da tarde desta quarta-feira (18), no Fórum de Campos.
Uma é a da Ação Penal que tem como réu o ex-presidente do PR de Campos e filho do casal Garotinho, Wladimir Matheus. Ele é investigado em um caso de tentativa de suborno ao juiz Glaucenir Oliveira, que já atuou na Chequinho e chegou a determinar a primeira prisão do ex-governador Anthony Garotinho (PR), em 16 de novembro do ano passado.
Na ocasião da aceitação da denúncia, ainda pelo juiz da hoje extinta 100ª Zona Eleitoral, Ralph Manhães, Wladimir afirmou: “Não tenho preocupação com audiência ou com qualquer situação relativo ao caso, visto que não sou acusado de nenhum ato, por nenhuma pessoa. A única coisa que existe é uma suposição do MP que eu ‘teria’ cometido crime por associação, eles alegam que o crime foi cometido por pessoas do grupo ao qual faço parte e etc ... o mais incrível é que só moveram essa ação nove meses após as demais, sem nenhum fato novo que justificasse tal medida”.
A outra Ação Penal é a que tem como réus os vereadores Ozéias Azeredo Martins (PSDB) e Linda Mara Silva (PTC), Nalto Muniz Neto, Carlos Alberto Soares de Azevedo Júnior, Maria Elisa de Souza Viana de Freitas, Jossana Ribeiro Pereira Gomes e Alcimar Ferreira Avelino. Eles são suspeitos da utilização criminosa do “programa Cheque Cidadão”.
Godoy, Roberta e Leonardo do Turf são réus
O juiz da 76ª Zona Eleitoral Ricardo Coimbra aceitou denúncia do Ministério Público Eleitoral (MPE) contra o advogado e ex-subsecretário municipal de Governo Thiago Godoy, a suplente de vereadora Roberta Moura e Marcos Leonardo Santos Ribeiro, o Leonardo do Turf, candidato nas últimas eleições. Eles se tornaram réus na oitava Ação Penal do caso Chequinho.
O juiz não deferiu a busca e apreensão pedida pelo MPE, mas proibiu, em medida cautelar, que mantenham contato com testemunhas e pessoas do relacionamento das testemunhas.
De acordo com a denúncia, os três teriam participado de uma organização criminosa para fraudar as eleições municipais de 2016 em Campos: “Os denunciados, de forma organizada, ofereciam vantagens indevidas em troca do voto. A vantagem seria a inclusão ilegal no programa cheque cidadão e consistiria no recebimento de dinheiro público. Narra ainda a contratação de digitadores com utilização de verbas públicas, no período anterior às eleições, para viabilizar o referido cadastramento ilegal”.
Em nota, o advogado Thiago Godoy negou participação em qualquer irregularidade: “Como sempre afirmei, minha única participação nesse caso foi como advogado e não ofereci nenhuma vantagem em troca de votos nas eleições de 2016. Estou muito tranquilo e convicto de que serei absolvido nessa ação, pois contra mim não existe uma prova sequer, nem mesmo indícios que demonstrem a prática de qualquer ilegalidade”. A Folha da Manhã também tentou contato com Roberta Moura, mas uma mulher, que identificou-se como Luciana, irmã dela, disse que Roberta havia saído para caminhar e retornaria à ligação, o que não ocorreu. A equipe não conseguiu contato com Leonardo do Turf.