Jéssica Felipe
06/10/2017 23:35 - Atualizado em 16/10/2017 18:50
Um projeto de lei para delimitar a área da prática esportiva nas praias sanjoanense. Esse é um dos desejos de um grupo de praticantes do kitesurf em São João da Barra, modalidade que mistura o uso da prancha com uma pipa. A atividade tem crescido na região, por isso, inspirada em um projeto carioca de 2006, a ideia é dar visibilidade ao esporte de forma segura e justa em relação ao uso do espaço público.
No caso da capital, em especial da Barra da Tijuca, um dos lugares mais concorridos para a prática do esporte, a delimitação do espaço para o kitesurf surgiu depois de muitas confusões. Em 2012, a gestão do espaço causou grandes problemas entre esportistas, guardas municipais e banhistas. Quase quatro anos depois, o projeto de lei, que dispõe sobre o território da prática do esporte, virou decreto no município. Situação, que ainda divide opiniões.
Em São João da Barra, segundo o atleta e idealizador da W.P Kite School, Luccas Maciel, a situação é muito mais positiva, envolve a organização de uma classe que quer crescer com respeito. “Estamos mais preocupados com o período de verão, quando a cidade fica muito cheia. Pensamos também na segurança dos banhistas. Esse projeto do Rio de Janeiro delimitou o espaço de saída e entrada de velas. Não queremos uma área marcada para o nosso grupo específico, queremos apenas a sinalização dizendo que ali existe a prática da atividade”, considerou o atleta.
O diálogo com o órgão público está em andamento. Após os atletas Luccas Maciel e André Pessanha colocarem São João da Barra nos primeiros lugares da etapa inicial do Campeonato Estadual do Espírito Santo, no fim de setembro, o reconhecimento tem aberto espaço para decisões coletivas. Na próxima semana o grupo liderado por Luccas será recebido pela secretaria de Esportes de SJB, com a finalidade de construírem juntos o projeto de lei sanjoanense e alinharem outras propostas, como à assistência ao projeto “Kite adaptado” e escolinha gratuita de Kitesurf.
Em janeiro deste ano, a praia de Grussaí recebeu a primeira edição do Encontro de Kitesurf do Norte Fluminense, evento privado que contou com parceria da Prefeitura. Cerca de 50 atletas participaram do evento, entre eles praticantes de Campos, Macaé e Espírito Santo. Este esporte, relativamente recente, encontra-se num momento de grande popularidade e ascensão no Brasil.
Projeto de inclusão atende cadeirantes
Seis meses depois da criação da W.P Kite School, Luccas Maciel, sensibilizado com a história de um amigo, iniciou o projeto de inclusão “Kite adaptado”. André Pessanha, o amigo, mais conhecido como “pirata”, teve parte da perna amputada em decorrência de um acidente. Ele foi a primeira experiência desse projeto, que hoje atende outras duas pessoas cadeirantes. “Há um ano, vendo a situação que o André enfrentava na sua vida pessoal após a amputação, o convidei para praticar o esporte. A dedicação e os resultados por ele conquistados mostram que o projeto deu certo”, conta Luccas, que junto do amigo trouxe recentemente uma classificação no campeonato capixaba.
O projeto recebe hoje apoio da secretaria de Esportes, que disponibiliza as cadeiras anfíbias para a prática do kitesurf adaptado. O idealizador acrescenta que apenas Inglaterra e França possuem cadeirantes praticando a modalidade. Para o secretário de esportes, João Paulo, “uma iniciativa como essa, de abrangência esportiva e social, desperta o interesse do Município. Estamos atentos a atitudes inovadoras de inclusão e de valorização do ser humano por meio do esporte”.
Incentivar a modalidade é meta para 2018
Luccas Maciel, de 31 anos, natural de Campos, trabalhou nove anos como guarda vidas em São João da Barra, experiência que estreitou ainda mais sua relação com o lugar. Ele que é atleta e multiplicador do kitesurf, acredita que o esporte significa mudança. “O esporte tem o poder de restaurar vidas, seja no físico ou mental”, considera Maciel.
Em 2015, Luccas montou uma escolinha para a modalidade em SJB, a W.P Kite School, que atende mais de 40 alunos de 9 a 60 anos. O projeto ainda é particular, por não possuir recursos que viabilizem o acesso gratuito. No entanto, Luccas acredita e tem trabalhado para que o kitesurf chegue ao público mais necessitado.
Segundo a Prefeitura, uma das metas para 2018 é incentivar a prática esportiva. “Isso inclui ativar o projeto de escolinhas”. Atualmente, espaços da municipalidade, como o Estádio Municipal, área esportiva do Balneário e o campo de futebol de Grussaí, foram cedidas para instituições parceiras da Prefeitura que desenvolvem atividades relacionadas.