Uma série de ações foi acordada durante a sessão extraordinária do Conselho Universitário, na manhã desta terça-feira (31), para tentar reverter o atual quadro de calamidade da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). Realizada no Centro de Convenções, a sessão foi aberta à participação de toda a comunidade universitária, além de representantes da Associação dos Docentes (Aduenf), Sindicato dos Técnicos (Sintuperj), Diretório Central dos Estudantes (DCE) e Associação dos Pós-Graduandos (APG).
Uma das ações diz respeito a dar mais visibilidade, bem como fazer chegar às instâncias competentes do Governo do Estado uma carta aberta à comunidade — apresentada pelo professor Carlos Eduardo de Rezende (CBB) — na qual os membros da Uenf reforçam a atual situação de calamidade pública em que se encontra a universidade e exigem a imediata aprovação da PEC 47. A Proposta de Emenda Constitucional prevê o repasse mensal dos duodécimos do orçamento às universidades estaduais.
— Temos procurado caminhos e acho que uma saída são os duodécimos. Hoje temos autonomia administrativa, mas ela conflita com a falta de autonomia financeira. É inútil programar qualquer coisa e depois não ter como pagar, pois o Estado não cumpre o orçamento. A aprovação da PEC 47 é um passo importante para que tenhamos uma política de Estado e consigamos superar este momento — disse o reitor Luís Passoni, ao abrir a reunião.
Segundo o reitor, a Uenf não recebe verba alguma do Estado há dois anos. Sem serviço de vigilância desde o final do ano passado, a universidade vem sendo alvo de ações de vandalismo e roubos. O caso mais recente ocorreu na madrugada do último sábado (28), quando ladrões arrombaram, utilizando dinamites, um caixa eletrônico do posto da agência do Bradesco dentro do campus. A universidade está preparando uma nova licitação para a contratação de uma empresa de segurança.
— Apesar do bom relacionamento com a Polícia Militar regional, que vem nos ajudando, o que precisamos mesmo, para ter mais garantia de segurança, é ter de volta uma empresa funcionando o tempo todo, com vigilantes em todos os prédios do campus. Mas da última vez que fizemos licitação, ninguém apareceu e não sei se dessa vez vamos conseguir — disse o reitor.
Passoni manifestou preocupação com relação ao futuro do Estado do Rio, lembrando que daqui a três anos termina o período de moratória. Na sua opinião, a situação poderá ficar ainda pior, uma vez que o governo federal deverá cobrar do Estado medidas de recuperação. No entanto, observou, nada vem sendo feito para aumentar a arrecadação, uma vez que todas as medidas se restringem a cortes de gastos. Segundo o reitor, este problema não diz respeito tão somente ao Estado do Rio de Janeiro, mas reflete uma política nacional.
— Hoje a principal despesa do país é com os juros e serviços da dívida. Estão cortando na ciência e na educação, que representam respectivamente 0,43% e 3,5% dos gastos, enquanto os serviços da dívida constituem 48% dos gastos, mas nesses ninguém mexe. Está claro que foi feita uma opção ideológica e temos que reverter isso em nível nacional — disse.
Dentre as demais medidas acordadas pelos participantes do Consuni, está a realização de debates e encontros setorizados, nos laboratórios e centros, com o intuito de discutir a situação e propor soluções junto com os estudantes, contribuindo para que eles também se mobilizem em defesa da universidade. Também serão realizadas visitas dos membros do Consuni à Alerj. Outra proposta foi dar mais visibilidade interna aos cronogramas de ações que vêm sendo realizadas pelas entidades representativas da comunidade universitária.