Paula Vigneron
13/10/2017 12:44 - Atualizado em 16/10/2017 18:32
Os funcionários da Turisguá, que compõe o Consórcio União junto com as empresas Siqueira, Cordeiro e São Salvador, permanecem em greve, apesar da decisão da Justiça do Trabalho de Campos, que determinou o retorno de 60% dos ônibus às atividades. Os trabalhadores se reuniram em frente à garagem na manhã desta sexta-feira (13) e afirmaram que a circulação dos veículos só será normalizada após o acerto salarial. O último pagamento aconteceu em julho (70% do valor total). O grupo informou que, devido ao atraso, os trabalhadores têm passado fome e outras necessidades. A previsão é de que os salários sejam depositados na terça-feira (17), conforme falaram os funcionários e a proprietária da empresa, Rosemary Araújo Reis.
A Polícia Militar chegou a ser acionada nesta manhã. A informação era que três ônibus da empresa estariam circulando e funcionários teriam danificado o carro de um trabalhador que furou a greve. A informação foi passada pela empresária, mas não confirmada pelos funcionários da Turisguá.
A proprietária explicou que, apesar do posicionamento dos motoristas e cobradores, tentou dialogar com eles para o retorno exigido pelo decreto judicial:
— Hoje (sexta, 13) os funcionários apareceram, porque nem estavam vindo. Mais uma vez, chamei e falei do decreto. Fiz de tudo. Meus carros estão com combustível. Estavam até ligados, fazendo ar, e eles não aceitaram sair e perguntaram "você vai pagar hoje?". Respondi que não. A Prefeitura deve o mês de setembro. O dinheiro vai sair hoje. Não vai entrar nas contas. Vai direto para o banco. Na segunda-feira, o banco enviará para as empresas. E, na terça, as empresas vão fazer o repasse para os funcionários, conforme a porcentagem que sair. A minha, eu acredito que vou receber, se for, uns R$ 76 mil de setembro. Minha folha de pagamento passa de R$ 170 mil. Então, eu não pago – falou a empresária.
Rosemary explicou que, embora haja dificuldade, tem conversando com os trabalhadores para colocarem os ônibus nas ruas e acreditarem no município. "O prefeito tem proposta para a gente. Ele vai realmente fazer uma fiscalização, tirar os transportes clandestinos que estão invadindo a cidade. Minha receita, hoje, é 40% do que eu tinha. Eu abro mão para qualquer funcionário assumir o escritório, passar a arrecadação na mão deles, e eles manobrarem. De que forma? Pagar o diesel e a eles. Hoje, eu devo à casa de peças, banco, impostos. Eu não sei a quem eu não devo", afirmou.
As empresas também permanecem sem receber o repasse do mês de dezembro (entre os dias 16 e 31). A quantia, segundo a empresária, destinada a Turisguá seria de R$ 256 mil. Somando as duas parcelas, Rosemary conseguiria quitar as dívidas com os funcionários, mas ainda não há previsão. A queda do valor do repasse, para ela, está relacionada ao corte do Cartão Cidadão e consequente aumento da passagem:
— Quando a passagem chegou a R$ 2,75, os transportes alternativos estavam cobrando R$ 2. Ninguém queria pagar R$ 2,75. Agora, o preço do transporte alternativo está compatível com o dos ônibus. Mas, mesmo assim, é impossível um ônibus sair para um itinerário, com uma van na frente, e chegar ao mesmo tempo. Não chega. Então, o usuário dá preferência para a velocidade, para o transporte que chegue mais rápido.
Diferentemente da empresária, os trabalhadores alegaram que o problema pelo qual passa a firma não está relacionado ao transporte alternativo, e sim à falta dos repasses. Atualmente, a Turisguá conta com 126 ônibus, mas, devido às dificuldades, menos de 80 veículos vão para as ruas. "Conseguimos colocar 128 na rua. Mas foi regredindo. Hoje, não temos sustentação. Agora, está nas mãos da Justiça e do município”, concluiu a dona da Turisguá.