União dos poderes para reabrir o São José
Matheus Berriel 07/10/2017 17:12 - Atualizado em 16/10/2017 18:16
Na última sexta-feira (03), em encontro com o prefeito de Campos, Rafael Diniz (PPS), na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS), o deputado federal Paulo Feijó (PR) indicou que está trabalhando, em Brasília, para conseguir verba de apoio parlamentar para a conclusão das obras do Hospital São José, que atenderá cerca de 70 mil pessoas, em Goitacazes, na Baixada. Com obras iniciadas em 2010 e orçadas em cerca de R$ 10 milhões, depois de vários termos aditivos, o novo prédio não foi concluído pela gestão passada e, atualmente, continua sem previsão de entrega.
— O Governo Federal vive numa crise muito grande. O Governo do Estado, vocês estão vendo. E os municípios... Hoje, as emendas parlamentares viraram um tesouro, e a pressão é enorme, porque os prefeitos nos procuram muito. A gente tem um limite, cada parlamentar pode apresentar até R$ 15 milhões por ano em emendas. Eu sempre foquei muito nas regiões Norte e Noroeste — disse Paulo Feijó, que, antes, já havia anunciado o empenho de R$ 5,5 milhões para aquisição de equipamentos e reforma do Hospital Geral de Guarus (HGG). Para o próximo ano, já foram prometidos R$ 7,5 milhões, que serão utilizados dentro das necessidades do município.
— Se eu conseguir alguma coisa extra, vamos antecipar para ver a situação do Hospital São José, que vive uma dificuldade muito grande, e essa dificuldade é convertida em sofrimento de muita gente. Caso eu consiga alguma coisa extra, a gente coloca em Goitacazes, e os R$ 7,5 mi o prefeito prioriza dentro das suas necessidades. Se eu não conseguir nada agora, vamos trabalhar esses R$ 7,5 mi — completou Feijó.
Em conversa com a reportagem, Rafael Diniz comemorou a verba obtida para o HGG e comentou a possibilidade da futura verba para a unidade de saúde de Goitacazes. “Nesse momento de dificuldade, toda ajuda é sempre bem-vinda. O Paulo Feijó é um deputado que defende a região e a cidade, trouxe emenda para a reforma e equipamentos do HGG, e houve uma solicitação do vereador Abdu Neme (PR) para que ele possa estar colocando emenda também para a gente finalizar a reforma do Hospital São José”, disse.
Durante a sessão da última terça-feira (03), na Câmara de Campos, Abdu Neme já havia anunciado que Paulo Feijó destinaria uma emenda para o município investir nas obras do Hospital São José. De acordo com Abdu, a previsão extraoficial é de que a unidade seja inaugurada no primeiro semestre de 2018. Na ocasião, o vereador colocou em apreciação uma moção de aplausos a Feijó, mas o objeto sequer chegou a ser votado, pois a sessão teve que ser cancelada pelo presidente Marcão Gomes (Rede) devido às inúmeras interrupções do público presente e confusões envolvendo parlamentares e pessoas que acompanhavam na plateia, com gritos de “chequinho”, protestos de parentes de pacientes que precisam do serviço de home care e manifestações favoráveis e contrárias ao prefeito Rafael Diniz.
Ainda na conturbada sessão, o vereador José Carlos (PSDC) lembrou que a reforma do Hospital São José deveria ter sido concluída há dois anos. “Eram tempos bilionários. Foram feitos vários aditivos pelo governo passado, era para estar pronto em 2015, mas existia a cultura de aditivar para roubar. Esses ladrões que não concluíram a obra”, afirmou. Quando assumiu a Prefeitura, ainda nos primeiros dias como prefeito, Rafael Diniz visitou as instalações do Hospital São José e encontrou vários problemas, entre eles a falta de medicamentos e insumos, equipamentos para realização de exames sem manutenção e aparelhos de ar condicionado com defeito.
Falta de estrutura e de serviços essenciais
Na quinta-feira (05), uma equipe de reportagem conversou com moradores de Goitacazes e pacientes da unidade, que reclamaram do estado em que ela se encontra, funcionando no prédio antigo, com problemas como falta de limpeza. “A limpeza deixa muito a desejar. Quanto ao atendimento, eu não tive problema, mas falta limpeza. Tem que concluir a obra e inaugurar para ficar melhor”, afirmou Cláudia Márcia de Souza, moradora de Tocos.
Críticas maiores foram a de uma paciente que preferiu não se identificar: “A pessoa vai fazer um preventivo, pode pegar uma bactéria e aí complica. O médico fala para relaxar, mas como que relaxa?”, disse.
Uma funcionária, que também preferiu manter o anonimato, temendo represália, também demonstrou insatisfação.
“Está um caos. Só tem um cardiologista para suprir as necessidades da população. A necessidade é grande. Até a semana passada, tinha atendimento de dois ortopedistas, mas o serviço foi cortado”, contou.
Em nota coletiva divulgada na última semana pelo Sindicato dos Médicos de Campos (Simec), entre muitas reclamações, apontaram a redução arbitrária das equipes de plantonistas da UPH de Guarus, UPH da Saldanha Marinho e do Hospital São José; pela extinção do serviço de ortopedia para cirurgias eletivas, que realizava cerca de 200 cirurgias por mês; e pelo desmonte da rede de apoio dos hospitais contratualizados para ortopedia, com redução de 95% das transferências antes realizadas de pacientes ortopédicos oriundos do Hospital Ferreira Machado (HFM) para a Sociedade Portuguesa de Beneficência de Campos (SPBC), o Hospital Plantadores de Cana (HPC) e a Santa Casa.
População fica sem ortopedia
O supervisor do Hospital São José, Márcio Silva, confirmou o corte dos ortopedistas, justificado com a necessidade do enxugamento da folha salarial da Prefeitura. “Hoje, o único serviço que a gente não tem é o de ortopedia. Tinha até o mês passado. Hoje, não tem, porque o prefeito está tentando manter a folha em dia. Então, infelizmente, teve que fazer alguns cortes”, ressaltou.
Questionado sobre o prazo para o encerramento da reforma, Márcio disse que não foi informado. “Ainda não nos passaram nada sobre prazo. A obra, na verdade, não foi entregue. O prefeito tenta manter em funcionamento, como está mantendo”, completou, lembrando, porém, que a conclusão é importante para os hospitais de emergências de Campos, que vivem enfrentando problema de superlotação.
— O hospital São José é essencial para a Baixada. São feitas cerca de 400 consultas diárias, fora a emergência. Com a conclusão, além de atender melhor a população daqui, vai desafogar o Ferreira Machado, o Hospital Geral de Guarus (HGG), enfim, os hospitais da cidade. A Baixada é muito grande. Hoje, a gente tenta ajudar a população. Ficando pronto, vai melhorar para todo mundo. Para os funcionários e, principalmente, para a população - destacou o administrador da unidade.
Em nota divulgada pela superintendência de Comunicação, o secretário da Transparência e Controle, Felipe Quintanilha, informou “que a obra começou em 2010, na gestão passada, e que não foi concluída em sete anos. A Prefeitura tem uma dívida de mais de R$ 800 mil com a empresa e a obra não foi concluída. Além disso, há ainda a necessidade de equipar o hospital, porque o equipamento da estrutura existente não pode ser instalado na nova estrutura. A obra iniciou com 6 milhões e, com os aditivos, ficou em quase R$ 9 milhões”.

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