Julia Beraldi e Paula Vigneron
03/10/2017 14:37 - Atualizado em 06/10/2017 18:08
Moradores da Baixada Campista estão sem ônibus por tempo indeterminado a partir desta terça-feira (3). Os funcionários da empresa São Salvador cruzaram os braços e paralisaram 100% da frota, nesta manhã, por alegarem estar com o salário atrasado há três meses. Até o fim desta tarde, funcionários ainda não haviam retomado os serviços.
De acordo com o tesoureiro do Sindicato dos Rodoviários, Edson Rangel, os funcionários esperam receber pelo menos dois meses dos salários atrasados. Edson relatou que, na tentativa de negociação, foi oferecido aos servidores R$ 150 reais de vale, proposta não aceita. Segundo ele, as negociações serão retomadas nesta quarta-feira (4).
— Muitos funcionários estão passando necessidades em casa. Foram oferecidos vales com valores inferiores aos que eles têm direito, que seriam pagos divididos em duas vezes, mas eles não aceitaram, apesar de saberem que essa paralisação é irregular – disse Edson.
O dono da empresa, José Renato, explicou que não está sendo possível efetuar o pagamento, por não estar tendo fluxo de caixa, e se posicionou sobre a atitude dos funcionários.
Ônibus não saíram da garagem nesta terça
Ônibus não saíram da garagem nesta terça
Ônibus não saíram da garagem nesta terça
— Eu não tiro a razão dos funcionários, mas discordo da atitude que eles estão tomando. Se eles não retomarem pelo menos 30% da frota, como manda a lei, eu vou ter que demitir todo mundo, porque se não eu serei processado como conivente, e isso não quero fazer. Com o corte do cartão de R$1, nós vamos poder reorganizar as empresas, brigar pela tarifa certa, brigar pelo melhor desempenho perante o usuário, mas isso depende de uma parceria. Nós temos, hoje, R$34.500 mil para receber do IMTT (Instituto Municipal de Trânsito e Transporte), comprovados com faturamento e nota fiscal. Então, como você trabalha em qualquer negócio se você não tem um retorno mínimo para receber? Na minha empresa são 25 ônibus e, desses, cinco estão apreendidos porque foram pegos com irregularidades, já que não tive condições de pagar o IPVA – ressaltou José Renato.
José Renato ressaltou que alguns fatores, como os transportes alternativos, também causam um desfalque no orçamento.
— Em Campos temos, hoje, 1.200 vans legalizadas e diversas vans clandestinas. Ninguém toma uma atitude séria em relação a isso. Como consequência, o trânsito fica mais lento, os ônibus não conseguem andar direito, e temos que manter cinco funcionários em cada ônibus, além da manutenção de cada ônibus, óleo diesel e pneus – concluiu ele.
Em nota, a Prefeitura de Campos informou que assim que tomou ciência da paralisação, o IMTT notificou e convocou o consórcio responsável pelo serviço, na região da Baixada, para retomada imediata das linhas. "O IMTT adotou providências junto ao Consórcio, inclusive com notificação, feita nesta terça (03), para que a situação se regularize o mais breve possível. A Prefeitura vem mantendo os repasses aos consórcios em dia, de janeiro até agosto deste ano".